As tarifas aplicadas pelo governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente Donald Trump, em uma disputa comercial, estão aumentando a entrada de aço no Brasil, o que preocupa o setor siderúrgico local.
De acordo com o Instituto Aço Brasil, entidade que representa as produtoras nacionais, houve crescimento de 30% nas importações de aço laminado entre janeiro e agosto deste ano em relação ao mesmo período de 2024, com previsão de encerrar 2025 com aumento de 32,2%.
Recomendação para defesa do mercado interno
Em nota divulgada recentemente, o órgão pediu maior proteção ao aço brasileiro e mencionou a iniciativa da Comissão Europeia, que propôs elevar para 50% a tarifa sobre produtos vindos de fora da União Europeia (UE), igualando-se às taxações dos EUA, sem exceções quanto à procedência.
Excesso de oferta global
Essa medida afetará os embarques que ultrapassarem um limite 45% inferior ao atual. O Instituto propõe que o Brasil adote postura semelhante, pois a tendência deve aumentar a disponibilidade do material no mercado mundial, desviando para outros destinos o aço que antes seguia para regiões com tarifas mais altas, como EUA, Canadá e agora a UE.
No documento, a entidade avalia a proposta europeia como “mais uma ação significativa no enfrentamento a práticas comerciais desiguais, o que pode intensificar os desvios de fluxos e agravar o desequilíbrio em um mercado já saturado”.
Urgência na resposta brasileira
Apesar de reconhecer as tentativas do governo para conter importações consideradas agressivas, o Instituto alerta que a decisão da UE exige respostas mais rápidas por parte do Brasil, reforçando a necessidade de mecanismos defensivos eficientes para o setor.
Embora a nota não especifique a origem do aço importado, os produtos chineses são os que mais preocupam a indústria nacional. O texto destaca que, sem políticas adequadas para combater a concorrência desleal, o país se tornará o principal destino de aço vendido abaixo do custo de produção, rejeitado em mercados com barreiras mais rigorosas.
Restrição sem precedentes na Europa
Analistas avaliam que o aumento das tarifas na UE é extremamente restritivo e inédito, motivado pelo receio de que setores tradicionais, como a siderurgia, estejam perdendo espaço devido à concorrência chinesa, aos custos elevados de energia e à queda na demanda doméstica.
As novas regras europeias equiparam-se aos 50% cobrados pelos EUA sobre a maior parte das importações de aço e alumínio. A UE busca ainda negociar a redução das tarifas americanas sobre seus produtos, defendendo uma ação conjunta contra a China.
As conversas, porém, estão estagnadas desde julho, quando foi firmado um acordo limitando as taxas a 15% sobre exportações europeias para os EUA, incluindo veículos.






