Aproximadamente 10 mil integrantes das Forças Armadas, acompanhados por sistemas de mísseis, aeronaves de combate, blindados e embarcações, realizam, entre 2 e 11 de outubro, um exercício bélico na região amazônica.
É o exercício de terreno da Operação Atlas, que acontecerá nos estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, com a proposta de reproduzir um cenário de guerra, envolvendo planejamento, deslocamento de tropas e ações, da forma mais fiel possível.
A finalidade central é verificar, em condições práticas, o nível de preparo das Forças Armadas para defender a Amazônia e a soberania nacional, região considerada estratégica pelos militares.
Além de ser alvo de espionagem internacional, a área também abriga ações articuladas do crime organizado, como o tráfico de drogas, e costuma registrar episódios de tensão.
No final de 2023 e início de 2024, quando a Venezuela ameaçou a Guiana por causa da disputa territorial pelo Essequibo, uma área rica em recursos naturais, as Forças Armadas brasileiras reforçaram a presença na região e enviaram 28 blindados para Roraima.
A operação ocorre ainda em um contexto de tensão entre os Estados Unidos e a Venezuela.
Por meio de simulações e cenários realistas, o Ministério da Defesa busca treinar a interoperabilidade entre as forças, testando a coordenação entre Marinha, Exército e Força Aérea.
O Brasil é reconhecido internacionalmente pela técnica de combate conhecida como “guerra na selva”, que exige atuação em condições extremas de clima, terreno e isolamento.
Operações dessa natureza são consideradas essenciais para preservar o diferencial das tropas brasileiras nesse tipo de ambiente.
Apenas o Exército empregará mais de 40 blindados, 434 viaturas, nove helicópteros e 3.600 militares.
Parte desses veículos foi deslocada do Rio Grande do Sul até Roraima, uma distância equivalente à viagem de Lisboa a Moscou, ou seja, um trajeto comparável ao necessário para atravessar a Europa.
O transporte foi coordenado pelo Coter (Comando de Operações Terrestres) e pelo Colog (Comando Logístico).
Entre os equipamentos empregados na operação estão os blindados VTE Leopard e o sistema de foguetes Astros.
Serão utilizados pela Força Aérea os aviões de ataque AMX A-1M e o A-29 Super Tucano.
A Marinha do Brasil também participa, com destaque para o Navio-Aeródromo Multipropósito “Atlântico”, o maior navio de guerra da América Latina.
Com 208 metros de comprimento, equivalente a um edifício de cerca de 40 andares, e aproximadamente 20 mil toneladas, a embarcação partiu do Rio de Janeiro em 13 de setembro transportando 1.044 militares, dois cães e 700 toneladas de equipamentos das três Forças.
Na carga estão veículos blindados, helicópteros, armamentos e mísseis; o navio embarcou 80 viaturas: 49 do Exército, 20 da Marinha e 11 da Força Aérea.
Além das manobras terrestres, aéreas e navais, serão realizados exercícios voltados à segurança cibernética.
Os militares consideram o momento oportuno: a Operação Atlas ocorre pouco antes da COP30, que em novembro será realizada em Belém e reunirá delegações de mais de 60 países.






