Aumento nos preços do café nos EUA gera reação política
Os números mais recentes do índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos revelaram um salto de 21% nos custos do café em um ano até agosto, com alta mensal de 6,4%. Esse aumento ocorre enquanto a inflação geral dos alimentos ficou em 3,2% no mesmo período. As tarifas impostas por Donald Trump são apontadas como o principal fator dessa disparada, provocando reação política.
No Senado, uma iniciativa bipartidária encabeçada pelo democrata Peter Welch, do estado de Vermont, no Comitê de Finanças, propõe revogar a declaração de emergência que permitiu ao ex‑presidente aplicar sobretaxas de 50% sobre produtos brasileiros, com base na lei IEEPA, que concede esse poder ao Executivo.
Na Câmara, os representantes Ro Khanna (Califórnia), Don Bacon (Nebraska), Don Beyer (Virgínia) e Maggie Goodlander (New Hampshire) apresentaram conjuntamente o projeto “Lei Sem Imposto sobre o Café”, que busca eliminar as tarifas sobre a importação da bebida para reduzir os custos aos consumidores.
A proposta proíbe taxas adicionais sobre café importado de nações com relações comerciais normais com os EUA, fixando como teto as alíquotas vigentes em 19 de janeiro de 2025. O objetivo é retornar ao cenário anterior à administração Trump, quando o café brasileiro entrava sem tarifas.
Os parlamentares ressaltaram que os Estados Unidos são o maior comprador mundial de café e que o Brasil, principal fornecedor, foi alvo de taxação de 50% sob a política trumpista, o que pressionou os preços internos.
“Os americanos já iniciaram uma revolução por causa de impostos sobre o chá. Agora vemos aumentos expressivos no café devido às tarifas de Trump. Como não ficar indignado? Nossa proposta é clara: acabar com essas taxas para reduzir custos”, afirmou Ro Khanna.
Don Bacon complementou: “Essas tarifas funcionam como um tributo sobre os consumidores, elevando preços de produtos essenciais sem gerar empregos ou trazer produção de volta ao país”.
Don Beyer reforçou: “Milhões de americanos pagam um novo imposto toda manhã por causa das tarifas de Trump. Nosso projeto vai impedir isso”. Já Maggie Goodlander destacou: “A taxação unilateral elevou o custo da xícara para mais de 200 milhões de consumidores diários”.
No Senado, até republicanos como Rand Paul criticaram a medida: “Embora preocupe a perseguição política no Brasil, isso não justifica ultrapassar os limites constitucionais do nosso Executivo. A política comercial é atribuição do Congresso, não da Casa Branca”.
Impacto no varejo e consumo
A questão ganha relevância com o crescimento do consumo de café no país. Dados da Associação Nacional do Café mostram que 66% dos adultos americanos bebem café diariamente, aumento de 7 pontos percentuais desde 2020.
Grandes redes como Starbucks ainda conseguem amortecer os impactos, diversificando compras para a América Central, Colômbia e Vietnã. Em teleconferência sobre resultados trimestrais em julho, a empresa classificou o cenário tarifário e de preços como “dinâmico”, projetando pico de custos para o primeiro semestre de 2026.
Contudo, analistas alertam para pressões nos preços de bebidas prontas e de grãos embalados. Empresas como Keurig Dr Pepper e JM Smucker já iniciaram reajustes. Pequenos varejistas, como a rede Corvo Coffee, aumentaram o preço do espresso de US$ 2,50 para US$ 3,75 devido às tarifas.






