O mercado global de juros acompanha de perto os movimentos do Federal Reserve (Fed). Analistas do Bank of America (BofA) avaliam que há espaço para cortes nas taxas em economias da América Latina, como Brasil, Colômbia e México, ao longo dos próximos anos.
Contexto global
Não existem pressões inflacionárias globais significativas previstas para os próximos trimestres, o que favorece um cenário de redução das taxas básicas de política monetária em diversas economias emergentes. Entre os elementos que sustentam essa visão estão a expectativa de um dólar mais fraco, a desaceleração das economias dos Estados Unidos e da China e a ausência de pressão de alta nos preços do petróleo.
Projeções e fatores
A chegada de produtos chineses mais baratos aos mercados emergentes contribui para segurar a inflação global. A equipe de economia dos EUA do BofA projeta cortes do Fed que somariam 125 pontos-base até o final de 2026, reforçando a perspectiva de afrouxamento monetário internacional.
Taxas na América Latina
No Brasil, a taxa básica Selic está em 15%, e, descontada a inflação prevista para o fim de 2026, chega a cerca de 11% em termos reais. Na Colômbia, a taxa nominal é de 9,25% (equivalente a 6,25% em termos reais) e, no México, é de 7,75% (4,25% em termos reais). Esses patamares permanecem acima das estimativas de taxas neutras dos bancos centrais, que sinalizam o ponto de equilíbrio entre estímulo à economia e controle da inflação.
Perspectiva para o Brasil
Os estrategistas do BofA consideram que esses níveis indicam espaço para cortes relevantes nos próximos anos. Para o Brasil, a projeção é de que o Banco Central inicie o ciclo de redução de juros em dezembro deste ano, chegando a 11,25% até o final de 2026. Fatores que sustentam essa previsão incluem a trajetória controlada da inflação, a atividade econômica estável e a valorização do real; entre os riscos estão políticas fiscais mais flexíveis e eventuais depreciações cambiais por tensões comerciais.
Colômbia
O Banco da República mantém a taxa em 9,25%, mas o BofA projeta uma taxa terminal inferior à precificação atual do mercado, estimando 7% para dezembro de 2026 ante os 8,5% atualmente precificados. O próximo corte de 25 pontos-base foi adiado de setembro para dezembro, após avaliação do banco central sobre a demanda interna e o salário mínimo, itens que os analistas julgam menos intensos do que os comunicados oficiais sugeriam.
México
No México, o Banco de México (Banxico) mantém a taxa em 7,75%, enquanto o BofA projeta cortes até 6,5% no final de 2026. A expectativa é que a inflação geral e a inflação núcleo fiquem abaixo de 4% no próximo ano, apoiadas por atividade econômica fraca, hiato do produto negativo e pela valorização do peso mexicano. Cortes adicionais pelo Fed reforçam essa previsão.
Riscos
Para o BofA, o principal risco para essa visão é a manutenção de taxas de juros de longo prazo elevadas em países desenvolvidos, o que poderia reduzir o espaço para cortes na América Latina.







