Um estudo realizado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) revela que 77,8% das exportações brasileiras para os Estados Unidos estão sujeitas às tarifas impostas pelo governo americano desde o início do ano. Essas tarifas abrangem três frentes distintas.
A análise inclui uma tarifa geral de 10% e uma alíquota adicional de 40 pontos percentuais, que resulta em sobretaxas de 50% para setores como siderurgia, veículos e autopeças.
Impacto nas exportações
De acordo com a CNI, mais da metade da pauta exportadora brasileira para os EUA enfrentará tarifas de 50%. Notavelmente, 45,8% do total está diretamente sujeito a sobretaxas exclusivas ao Brasil.
A indústria de transformação é a mais afetada, com US$ 12,3 bilhões em exportações impactadas em 2024, representando 69,9% do total sob a tarifa máxima.
Os setores mais atingidos incluem vestuário, máquinas e equipamentos, têxteis, alimentos, químicos, couro e calçados. Produtos como aço, alumínio e cobre, sujeitos à Seção 232, também enfrentam uma alíquota de 50%.
Setores isentos e exceções
Por outro lado, 22,2% das exportações permanecem isentas de tarifas adicionais. A indústria extrativa, especialmente petróleo leve e pesado, é um destaque nesse grupo. Na indústria de transformação, combustíveis automotivos e óleos combustíveis pesados sem biodiesel também estão isentos.
A tarifa de 40% imposta em julho prevê isenção condicional para produtos destinados à aviação civil, o que pode beneficiar segmentos como aviões não militares e equipamentos de transporte. Se confirmada, essa exceção permitiria que 577 produtos fossem sujeitos apenas à tarifa de 10%, aliviando parte da pressão sobre o setor aeronáutico brasileiro.
Investigações em andamento
Além das tarifas já em vigor, o governo dos EUA mantém investigações abertas sob a Seção 232 que podem afetar novos setores, incluindo aeronaves e motores, caminhões, madeira, minerais críticos, semicondutores e produtos farmacêuticos.
Medidas emergenciais
Para mitigar os efeitos dessas barreiras, a CNI apresentou ao governo brasileiro uma lista de oito medidas emergenciais. Essas medidas incluem uma linha de crédito especial do BNDES com juros reduzidos, extensão de prazos para contratos de câmbio e financiamentos de exportação, diferimento de tributos federais, pagamento imediato de ressarcimentos de créditos tributários, ampliação do Reintegra e reativação do Programa Seguro-Emprego.
Ricardo Alban, presidente da CNI, destacou a urgência de uma articulação entre governo e setor produtivo para preservar a capacidade exportadora do Brasil e responder rapidamente à escalada protecionista.






