O diretor de política monetária do Banco Central, Nilton David, afirmou que a instituição não fez uma pausa, mas sim uma interrupção no ciclo de alta da taxa Selic. Em sua visão, o plano de combate à inflação avança conforme as expectativas. Durante um evento promovido pela Porto Asset, David enfatizou a necessidade de um intervalo mais longo para que o Comitê de Política Monetária (Copom) consiga avaliar corretamente os efeitos das decisões tomadas até então.
A interrupção foi escolhida devido à incerteza persistente no cenário econômico. O diretor frisou que a medida visa entender as consequências das ações anteriores, garantindo um passo sólido nas futuras decisões. Em julho, o Banco Central decidiu manter a Selic em 15% ao ano e indicou uma expectativa de manutenção prolongada da taxa, cauteloso em relação às incertezas internacionais, como as tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros.
As taxas de juros são consideradas contracionistas, e David destacou que esse nível deve ser ainda mais restrito em momentos de incerteza. Ele reforçou a importância de um período de análise para entender se a atual estratégia está alinhada com as necessidades econômicas.
Com relação ao aperto monetário, o diretor pediu paciência para observar seus efeitos, prevendo um arrefecimento no crescimento da atividade econômica. Alguns setores, especialmente os intensivos em mão de obra e os serviços, podem levar mais tempo para sentir a pressão elevada das taxas de juros.
David também abordou a percepção do mercado sobre a capacidade do Banco Central de implementar uma política monetária eficaz, mencionando que a crença na meta de inflação está se fortalecendo. Ele observou uma melhora nas expectativas de inflação embutidas em juros futuros, o que pode ser creditado à credibilidade da instituição.
Em temas tarifários, David reafirmou a necessidade de cautela, especialmente após o anúncio de tarifas dos EUA. Ele acredita que a definição da política tarifária ainda está distante, e as incertezas devem persistir por mais tempo. A flutuação da taxa de câmbio, segundo ele, representa uma primeira linha de defesa em cenários de volatilidade gerada por questões tarifárias.






