A recente decisão do presidente dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pode impactar negativamente as exportações do agronegócio do Brasil. Essa medida, anunciada em um momento crítico, levanta preocupações sobre a competitividade do suco de laranja, do café, da carne bovina e das frutas frescas.
Aumentos tarifários e seus efeitos
A tarifa afetará diretamente o suco de laranja, que já enfrenta uma taxa fixa de US$ 415 por tonelada. A aplicação de uma sobretaxa de até 50% aumentaria consideravelmente os custos, tornando o produto menos competitivo no mercado norte-americano, o segundo maior destino das exportações brasileiras. O Brasil atualmente fornece cerca de 80% do suco importado pelos EUA, e este cenário complicaria a situação do setor, especialmente durante uma boa safra em São Paulo e Triângulo Mineiro.
O setor cafeeiro também corre risco significativo, uma vez que os Estados Unidos são o maior consumidor mundial de café, importando aproximadamente 25% do Brasil, especialmente a variedade arábica. A elevação nos custos de importação poderia impactar toda a cadeia produtiva de torrefação e distribuição de café. Especialistas do Cepea enfatizam a importância de excluir o café dessa política tarifária para garantir a sustentabilidade da cafeicultura brasileira e a estabilidade da cadeia de abastecimento nos EUA.
Impacto na carne bovina
Os Estados Unidos são o segundo maior importador de carne bovina brasileira, e empresas americanas representam 12% das exportações desse produto. Recentemente, houve uma diminuição nas exportações para os EUA, enquanto as vendas para a China aumentaram. Esse movimento sugere que os frigoríficos podem redirecionar suas vendas para outros mercados, diminuindo o impacto do tarifaço.
Consequências para as frutas frescas
Em relação às frutas frescas, a manga é a mais afetada, com sua janela de exportação iniciando em agosto. Relatos de adiamentos de embarques devido à incerteza tarifária já surgiram. A uva, cuja safra se destaca a partir do final de setembro, também está sob alerta. As expectativas de aumento nas exportações foram substituídas por incertezas, aumentando o risco de desequilíbrios entre oferta e demanda, o que pode pressionar os preços ao produtor.
A necessidade de articulação diplomática
Frente a esse cenário, o Cepea defende a importância de uma articulação diplomática para reconsiderar ou excluir as tarifas sobre produtos agroalimentares brasileiros. Essa medida é crucial tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos, que dependem significativamente do fornecimento brasileiro para a segurança alimentar e competitividade da agroindústria.
Com a situação atual, é vital que os setores envolvidos fiquem atentos às movimentações políticas e comerciais que podem afetar suas operações e a saúde do mercado.






