A corretora XP projetou um rombo significativo nas contas públicas para 2026, destacando a necessidade urgente de um ajuste fiscal. Com base em um recente relatório, a empresa alerta que o cumprimento da meta de resultado primário em 2025 está diretamente ligado à continuidade do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) ou a implementação de outras medidas de arrecadação equivalentes.
Projeções para o déficit primário
Para 2025, a XP estima um déficit primário de R$ 69 bilhões, equivalente a 0,5% do PIB. No entanto, o ajuste para a meta ficaria em apenas R$ 23,7 bilhões, ou 0,2% do PIB, uma margem estreita em relação ao limite inferior da meta de R$ 31 bilhões negativos. Já para 2026, mesmo com o incremento na arrecadação via IOF, é previsto um déficit primário ajustado de R$ 35,2 bilhões, muito distante da meta de superávit de R$ 31,8 bilhões. Estima-se que seriam necessários R$ 67 bilhões em receitas adicionais para cumprir a meta.
Fatores de risco para as contas públicas
Os riscos fiscais se concentram, principalmente, nas despesas, com projeções de aumento dos gastos relacionados a benefícios previdenciários e assistenciais, impacto da redução da fila do INSS e outras despesas fora do orçamento, como o programa “Pé de Meia”. Além disso, pode haver elevação nos custos de programas sociais importantes, como o Bolsa Família e o Vale-Gás.
Reformas necessárias
O relatório também indica que a percepção do mercado sobre a insustentabilidade do atual arcabouço fiscal está crescendo, sinalizando que reformas mais profundas serão essenciais após as próximas eleições. Entre as alternativas discutidas para contornar a situação estão a antecipação de dividendos do BNDES, mudanças na base de cálculo de royalties de petróleo e ajustes tributários que podem incluir fintechs e criptomoedas.
Expectativas econômicas para 2025 e 2026
A XP revisou suas projeções de crescimento do PIB, passando de 2,3% para 2,5% em 2025, com otimismo quanto ao desempenho da agropecuária e serviços no primeiro trimestre. Para 2026, a expectativa de crescimento também aumentou de 1,5% para 1,7%. Quanto à inflação, espera-se um IPCA de 5,5% ao final de 2025, com uma leve queda em relação a projeções anteriores. Para 2026, a taxa prevista é de 4,7%, acima do teto da meta estabelecida. A taxa Selic terminal foi revisada para 14,75%, com possibilidade de nova alta em junho, especialmente se o aumento do IOF for revertido.
A situação das contas públicas demanda atenção e medidas eficazes para garantir a sustentabilidade econômica nos próximos anos.