O diretor-executivo para as Américas da Eurasia, Christopher Garman, expressou uma visão cautelosa em relação à relação entre o Brasil e os Estados Unidos. Segundo ele, a preocupação com essa parceria está diminuindo, uma vez que o foco de Washington se volta para outras prioridades globais. Recentemente, o Brasil foi taxado em 10% pelo governo do ex-presidente Donald Trump, taxa que foi considerada a menor aplicada antes de uma trégua de 90 dias que alinhou as medidas comerciais das principais nações, exceto a China.
No evento Brazil Week, realizado em Nova York, Garman destacou que a relação bilateral pode ser vista como “um cachorro que não latiu”, refletindo a falta de atenção que o Brasil tem recebido da Casa Branca.
Brasil no Mundo Multipolar
Ricardo Zúñiga, ex-secretário-adjunto do Gabinete de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos EUA, comentou que o Brasil agora se encontra no “mundo multipolar que sempre quis”. Ele questionou a relevância do Mercosul neste novo contexto, sugerindo que o Brasil deve reavaliar suas alianças comerciais.
Potencial Mineral e Diplomacia Eficiente
Zúñiga reforçou que o Brasil não precisa escolher entre EUA e China, mas deve utilizar sua diplomacia em benefício próprio, especialmente em setores estratégicos, como minerais críticos. Ele ressaltou a capacidade do Brasil de se tornar uma potência mineral, embora tenha enfatizado a necessidade de melhorar sua gestão interna para aproveitar essas oportunidades.
Garman complementou a análise, afirmando que o Brasil está “bem posicionado” diante de desafios globais, possuindo ativos significativos nas áreas ambiental e energética. Ele avaliou que, em um contexto de crescente preocupação com a segurança energética e alimentar, esses ativos colocam o Brasil em uma posição vantajosa.
Desafios Internos
Contudo, o principal desafio do Brasil permanece nas contas públicas. Para Garman, é crucial que o país ajuste sua situação fiscal, visto que juros reais elevados dificultam o aproveitamento dessas oportunidades. A necessidade de reformas internas é fundamental para que o Brasil possa se firmar como um influente ator global no atual cenário internacional.