A recente análise dos serviços no Brasil revela uma nuance preocupante: embora o setor tenha registrado um crescimento de 0,3% em março, a comparação trimestral mostra uma queda de 0,2% no primeiro trimestre de 2025, conforme indicado pelos dados do IBGE. Este é o primeiro sinal de desaceleração desde 2023, levantando questionamentos sobre a continuidade do crescimento econômico.
Desempenho do setor de serviços
Os dados de março, que mostram uma alta, são atribuídos a fatores sazonais, como o Carnaval. Especialmente, os serviços prestados às famílias e o transporte apresentaram aumentos significativos, de 1,5% e 1,7%, respectivamente. Contudo, esses resultados não são suficientes para alterar a perspectiva do Produto Interno Bruto (PIB), que deve ser favorecido pelo setor agropecuário, de acordo com analistas.
Impacto no PIB
Leonardo Costa, economista do ASA, ressaltou que o crescimento observado em fevereiro e março não compensou a queda de janeiro, e o PIB do primeiro trimestre ainda deve apresentar um desempenho robusto. Projeções atuais indicam um crescimento de 0,5% para o PIB no primeiro trimestre e de 1,5% para o ano.
Mudanças de consumo
As flutuações nos serviços revelam tendências que podem afetar a inflação no país. Serviços de informação e comunicação, por exemplo, enfrentaram uma retração de 0,2%, seguindo um período de crescimento. Essa inflexão pode indicar uma demanda encolhida, exacerbada pela rigidez de preços. Já os serviços profissionais administrativos registraram uma diminuição significativa na produção.
Projeção de crescimento
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, espera um crescimento de 2% para o setor de serviços em 2025, impulsionado por estímulos governamentais. Igor Cadilhac, do PicPay, alterou sua projeção de 1,2% para 1,6%, sinalizando um primeiro semestre mais robusto, mas espera uma desaceleração nos setores mais voláteis devido à inflação persistente e à alta das taxas de juros.
Impacto na taxa de juros
Os dados recentes não fornecem motivos suficientes para alterações na política de juros do Brasil. Segundo Matheus Pizzani, as tendências observadas nos serviços dependem da evolução macroeconômica e microeconômica. O cenário atual ainda apresenta uma demanda aquecida para serviços, especialmente nas categorias mais sensíveis à inflação, o que deve manter as taxas de juros elevadas por um período prolongado.