A recente proposta de tarifas de importação apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, levanta questões importantes sobre a sua aplicação. De acordo com a pesquisadora associada do FGV Ibre e professora da UERJ, Lia Valls, a implementação de uma tarifa uniforme para todas as importações seria uma medida sem precedentes na história comercial americana.
Na sua declaração, Trump destacou uma tabela que mostra a média das tarifas de importação impostas por outros países aos produtos americanos. Essa média, segundo o presidente, é baseada na “taxa combinada de todas as tarifas, barreiras não monetárias e outras formas de trapaça”. Contudo, Valls ressalta que a forma como essas tarifas serão aplicadas ainda não está clara. “Não fica óbvio se essa média será aplicada igualmente a todos os produtos ou se haverá uma diferenciação,” explica.
As tarifas propostas por Trump são significativamente inferiores à média que outros países impõem aos Estados Unidos, colocando-as em torno da metade dessa média, uma ação que o presidente justificou como uma demonstração de benevolência. Para o Brasil, a tarifa de importação é de 10%, que corresponde à média aplicada pelo país na transação comercial com os Estados Unidos. Trump também anunciou que uma tarifa mínima de 10% será aplicada a todos os países.
Valls comenta que, para o Brasil, a nova tarifa não representa grandes mudanças, uma vez que a taxa mínima para os produtos brasileiros já é de 10%. No entanto, ela destaca que importações de setores como aço e alumínio estão sujeitos a taxas mais elevadas, de 25%, desde a implementação de um decreto em fevereiro deste ano. Essa nova abordagem nas tarifas de importação pode ter implicações significativas nas relações comerciais entre os Estados Unidos e outros países, incluindo o Brasil, e exige atenção dos importadores e exportadores envolvidos.