No contexto da economia digital, o Brasil se destaca como um potencial líder na monetização de dados pessoais. Em um painel do Web Summit Rio 2025, especialistas discutiram como os brasileiros podem se beneficiar financeiramente das informações que já compartilham com o Estado e o mercado.
A propriedade dos dados
Um dos pontos centrais da discussão foi a valorização da privacidade dos dados, elevando-a para um novo nível de propriedade. O presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção, apresentou uma iniciativa em parceria com a DrumWave, que visa monetizar dados gerados em contratos de crédito consignado. O projeto permitirá que os cidadãos coloquem suas informações em “carteiras digitais” e autorizem seu uso para geração de renda ou investimentos.
Liberdade de escolha
Os cidadãos terão a opção de decidir se querem participar da monetização, podendo interromper a qualquer momento. Assumpção ressaltou que o mais interessante reside na possibilidade de uso parcial ou limitado dos dados, permitindo ao usuário manter algum controle.
Sistema financeiro e open finance
Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, comparou a nova estrutura de dados à dinâmica do sistema financeiro. Ele destacou que a criação de um mercado para o comércio de dados pode levar à formação de ativos valiosos. Além disso, ele relacionou essa mudança ao movimento global de open finance, onde os dados bancários são compartilhados com o consentimento dos clientes, aumentando a concorrência e beneficiando o consumidor.
Benefícios para empresas
Brittany Kaiser, fundadora da Own Your Data, enfatizou que esse modelo poderá também beneficiar as empresas. Os consumidores, ao serem remunerados pelo uso de seus dados, ficarão mais motivados a interagir com produtos e serviços digitais, melhorando o engajamento e ampliando o mercado.
Pioneirismo brasileiro
O Brasil é reconhecido como pioneiro nesse campo, com uma legislação federal em desenvolvimento e um projeto piloto significativo. Isso coloca o país na vanguarda de uma nova economia digital baseada na soberania dos dados. Brittany afirmou que, mesmo que outras nações tenham iniciativas locais, o Brasil se destaca por ter um projeto nacional com apoio institucional e debate legislativo.
Facilidade de uso
Rodrigo Assumpção concluiu que o sistema será acessível, utilizando aplicativos já existentes, como os da Previdência, para facilitar a autorização de uso dos dados pelo cidadão. Brittany também ressaltou a importância da educação digital e do acesso às ferramentas, afirmando que, embora parecer um ganho modesto, essa iniciativa representa uma oportunidade transformadora para bilhões de pessoas ao redor do mundo.