O endividamento das famílias brasileiras apresentou um aumento em novembro de 2023, subindo para 77%, conforme dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Este índice reflete uma ligeira elevação em comparação com o mesmo período do ano anterior, quando o endividamento era de 76,6%.
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela CNC, o número de famílias que reportaram dívidas em atraso atingiu 29,4%, representando um incremento de 0,4% em relação a novembro do ano anterior. Além disso, o percentual de consumidores que afirmam não ter condições de quitar suas dívidas aumentou para 12,9%, em comparação a 12,5% em novembro de 2022.
Apesar da elevação nos índices de endividamento e inadimplência, o percentual de indivíduos que se consideram “muito endividados” apresentou uma queda, atingindo 15,2%, o menor patamar desde novembro de 2021. Fábio Bentes, economista-chefe da CNC em exercício, observou que as famílias têm encontrado dificuldades em equilibrar suas finanças nos últimos meses, mesmo com a taxa de desemprego abaixo de 6%.
A pesquisa destaca que a elevação nos gastos das famílias, especialmente em serviços como apostas, pode ser um dos fatores que pressionam os orçamentos familiares.
A CNC projete que o endividamento continuará a crescer em dezembro, impulsionado pelas compras de Natal. Contudo, espera-se que a inadimplência permaneça estável, já que as famílias estão se ajustando a um cenário de juros elevados.
No que diz respeito à renda, as famílias de menor faixa salarial (0 a 3 salários mínimos) registraram o maior índice de endividamento, alcançando 81,1%. Essa mesma categoria exibiu o maior nível de inadimplência, com 37,5% reportando dívidas em atraso e 18,5% não conseguindo honrar compromissos financeiros. Por outro lado, as famílias com renda superior a 10 salários mínimos diminuíram seu endividamento para 66,7%, com 14,6% apresentando dívidas em atraso e apenas 5% sem condições de pagamento.
O comprometimento médio da renda com dívidas foi de 29,8% em novembro, uma leve queda em comparação a outubro deste ano. Além disso, o percentual de consumidores que têm mais da metade de sua renda comprometida caiu para 20,3%, o índice mais baixo desde agosto de 2024.
A pesquisa revelou também que os prazos para quitação de dívidas estão se estendendo, com 35,9% das famílias endividadas apresentando prazos maiores, o que representa o maior nível desde dezembro de 2021. Essa mudança contribuiu para a diminuição do tempo de atraso nas contas, com a proporção de inadimplentes há mais de 90 dias caindo para 49,6%.