A Refinaria Abreu e Lima, situada em Ipojuca, na região metropolitana do Recife, está prestes a iniciar as operações da unidade U-93 Snox. Os últimos ajustes para a implementação dessa nova estrutura estão sendo realizados, e a operação deve ter início ainda em dezembro de 2024. A unidade tem como função principal reduzir as emissões de gases poluentes decorrentes do processo de refino, convertendo compostos químicos nocivos em ácido sulfúrico, que será comercializado.
Com a operação da Snox, a Refinaria Abreu e Lima se tornará a primeira unidade do tipo na América Latina e a terceira no mundo, ao lado de instalações semelhantes na Itália e na Áustria. Durante o processo, a refinaria pretende eliminar 99% das emissões de óxido de enxofre (SOx) e 95% das de óxido de nitrogênio (NOx). Tais medidas são esperadas para beneficiar tanto o meio ambiente quanto a qualidade de vida da população local, visto que a refinaria se encontra em uma região turística importante, a apenas 14 quilômetros do balneário de Porto de Galinhas.
A operação da Snox correlaciona-se a múltiplos benefícios para a Petrobras, incluindo a redução das emissões de poluentes, a geração de receita com a venda do ácido sulfúrico e um aumento na capacidade de refino, especialmente do diesel S-10, considerado mais limpo. A previsão é que essa produção estimule ainda mais a demanda por combustíveis menos poluentes, em sintonia com as iniciativas do governo que visam descontinuar o diesel S-500.
A Petrobras já firmou um contrato de venda para a futura produção de ácido sulfúrico com o grupo Bauminas, uma das principais empresas de produtos químicos para tratamento de água no Brasil. O contrato será válido por um período inicial de 10 anos, garantindo o escoamento de toda a produção da unidade Snox e prometendo impactos positivos no abastecimento de água para 30 milhões de pessoas.
Inaugurada em 2014, a Refinaria Abreu e Lima possui a capacidade de processar até 100 mil barris de petróleo diariamente. Com a implementação da Snox e o consequente abatimento de gases poluentes, a refinaria poderá ser reenquadrada na legislação ambiental, possibilitando um aumento da capacidade de refino para 115 mil barris diários. Isso traduz-se em um incremento na receita da Petrobras, com mais derivados disponíveis para comercialização.
Com um custo de R$ 520 milhões, a construção da unidade Snox enfrentou atrasos significativos, em grande parte devido aos desdobramentos da operação Lava Jato, que impactou contratos e expandiu a paralisação das obras. Após vários anos sob incertezas, a refinaria agora está se reposicionando para garantir novos investimentos, com um foco renovado em desenvolver a capacidade de refino e modernizar suas operações.
A localização da Refinaria Abreu e Lima, próxima ao Porto de Suape, facilita o escoamento de derivados de petróleo, com dutos que interligam a refinaria ao terminal portuário. A refinaria é responsável por aproximadamente 6,5% do processamento total da Petrobras e é o segundo maior produtor de diesel S-10 no Brasil, qualificando-se para atender a crescente demanda por combustíveis mais limpos no país.
Em adição ao seu foco em combustíveis fósseis, a Refinaria Abreu e Lima está explorando iniciativas de energias renováveis. A instalação de energia solar, por exemplo, está em fase de planejamento e irá contribuir significativamente para a autossuficiência energética da unidade, reduzindo sua dependência de combustíveis fósseis. A produção prevista é de 12 megawatts, cobrindo 7% do consumo total da refinaria.