O Ministério da Fazenda anunciou uma elevação em sua projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para 2024, passando de 3,2% para 3,3%. Essa revisão é atribuída ao desempenho superior da economia registrado no terceiro trimestre de 2023. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira, 18 de novembro, pela Secretaria de Política Econômica (SPE).
Revisão da Inflação e Impactos Econômicos
Além do aumento nas previsões do PIB, o governo também revisou suas estimativas de inflação para o próximo ano. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), principal indicador da inflação no Brasil, agora deve apresentar uma alta de 4,40%, em comparação a uma previsão anterior de 4,25%. A revisão é influenciada por fatores como as taxas de câmbio e condições climáticas.
Crescimento Setorial
Quando analisados os setores da economia, as mudanças nas projeções indicam uma diminuição menos acentuada no PIB agropecuário, com a expectativa de queda ajustada de -1,9% para -1,7%. Por outro lado, o setor de serviços deve experimentar um crescimento ligeiramente superior, de 3,3% para 3,4%. A projeção para o PIB industrial permanece inalterada em 3,5%.
Viés de Alta e Expectativas para 2025
O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, destacou que a projeção para o PIB de 2024 possui um “viés de alta”. Ele afirmou que novos dados do IBGE sobre a atividade de serviços sugerem um ambiente econômico mais favorável. Apesar disso, Mello alertou que esse viés pode não se concretizar, dependendo das variações nos dados econômicos nos próximos meses.
Para 2025, a previsão de crescimento permanece em 2,5%. A SPE menciona que, apesar do aumento esperado na taxa básica de juros (Selic), as expectativas quanto à safra de grãos e à produção extrativa em 2025 melhoraram significativamente, atenuando o impacto negativo das políticas monetárias mais restritivas sobre a atividade econômica.
Expectativas para o IPCA e Bandeiras Tarifárias
O IPCA deve se aproximar do teto da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 3% ao ano, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Assim, o limite superior para a inflação fica fixado em 4,5% ao ano. Entretanto, as previsões do mercado são mais otimistas, apontando para uma inflação de 4,64% ao final do ano, conforme o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central.
A subsecretária de Política Macroeconômica, Raquel Nadal, explicou as discrepâncias nas previsões, citando a expectativa de que a conta de luz opere com bandeira verde em dezembro, o que significaria que os consumidores não enfrentariam custos adicionais para a geração de energia. Essa bandeira será anunciada pela Aneel até o fim do mês.
Projeções de Longo Prazo
Para 2025, o IPCA deverá apresentar uma alta de 3,60%, o que representa uma desaceleração em relação a 2024, embora acima da previsão anterior de 3,40%. A Fazenda justifica este ajuste com o aumento esperado nos preços de proteínas animais e os efeitos contínuos da valorização do dólar.
As projeções macroeconômicas divulgadas pelo Ministério da Fazenda têm uma relevância significativa, não apenas como um termômetro do desempenho econômico, mas também por influenciar diretamente as estimativas orçamentárias do governo. Fatores como inflação e crescimento impactam a arrecadação tributária e os gastos com benefícios sociais, sendo fundamental para a administração fiscal do país.
Com um crescimento mais robusto do PIB, é esperado um aumento na arrecadação de impostos e contribuições. Contudo, esse crescimento também traz desafios, como a necessidade de atender à correção do salário mínimo, que deve refletir um aumento real em 2026, com base na projeção do PIB.
A equipe econômica já se prepara para discutir um plano de contenção de gastos, que deverá ser apresentado após a Cúpula do G20. Entre as medidas propostas, está a limitação do ganho real do salário mínimo aos percentuais de crescimento do arcabouço fiscal, o que pode resultar em uma economia de até R$ 11 bilhões até 2026.