A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a Taxa Selic para 11,25% ao ano gerou um burburinho entre as entidades do setor produtivo. As críticas enfatizam que essa elevação pode comprometer a recuperação econômica do Brasil, especialmente em um contexto onde os Estados Unidos estão reduzindo suas taxas de juros.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) manifestou indignação diante do aumento decidido pelo Copom. A entidade considera que a nova taxa é excessiva e não condiz com a realidade econômica do país. A CNI enfatiza que a elevação dos juros impõe novas restrições à atividade econômica, impactando negativamente no emprego e na renda e prejudicando a sustentabilidade das contas públicas.
De acordo com suas análises, a CNI argumenta que a taxa básica de juros ideal deveria ser de 8,4% ao ano, levando em conta a inflação dos últimos 12 meses. Caso a expectativa de inflação seja considerada, a taxa de equilíbrio sugerida sobe para 9,3% ao ano.
A Associação Paulista de Supermercados (Apas) também se manifestou contra a decisão do Banco Central. A entidade argumenta que o aumento dos juros tende a desacelerar a atividade econômica e a desencorajar investimentos. A Apas recomenda que o governo trabalhe em um pacote de cortes de gastos obrigatórios para que uma futura redução dos juros seja viável.
Em nota, o economista-chefe da Apas, Felipe Queiroz, destacou que é crucial que a política macroeconômica seja avançada de maneira coordenada, ressaltando o papel da política fiscal na estabilização das expectativas e no desenvolvimento sustentável da economia brasileira.
As centrais sindicais, incluindo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), também criticaram o aumento dos juros básicos. A CUT apontou que essa medida resulta em maior aperto financeiro tanto para a população quanto para as empresas. A entidade sublinhou que o Brasil figura entre os maiores pagadores de taxa básica real do mundo, ao passo que registra um aumento no número de empresas entrando com pedidos de recuperação judicial.
Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da CUT, observa que a atual política monetária tem causado danos significativos ao desenvolvimento econômico do Brasil. A CUT citou um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que indica que um aumento de 0,5 ponto na Selic elevará em R$ 26 bilhões os gastos do governo com juros sobre títulos públicos. Para cada aumento de 1 ponto percentual na Selic, o custo com os títulos poderia aumentar em R$ 40 bilhões.
A Força Sindical também expressou sua oposição, considerando a decisão “irracional, nefasta e desastrosa”. O presidente da entidade, Miguel Torres, afirmou que o Banco Central está agindo de forma contrária ao desenvolvimento do país e que a elevação dos juros resulta em efeitos prejudiciais aos trabalhadores e à economia.