Ano novo, vida nova. Muitas pessoas começam o ano planejando trocar de carro e imóvel ou, ainda, fazer uma sonhada viagem. Para que isso ocorra, é preciso um planejamento familiar e, principalmente, financeiro.
No início do ano, há muitas despesas fixas e variáveis, como tributos do IPTU e IPVA, gastos com matrícula e material escolar dos filhos, apólices de seguros e até parcelas de compras feitas com o cartão de crédito.
O economista e ex-professor da Universidade Vila Velha (UVV) Mário Vasconcelos deu algumas dicas importantes sobre como as pessoas podem organizar suas despesas no início deste ano.
“O importante para se ter um bom planejamento é estabelecer seus objetivos, sejam de curto, médio ou longo prazo. Por exemplo, de curto prazo: passar um final de semana em Pedra Azul; médio prazo: trocar de carro no final do ano; e longo prazo: comprar um imóvel maior também no final do ano. Se a pessoa for casada, deve fazer o planejamento junto com o cônjuge e com a família. O importante é todos da família saberem da situação financeira”.
A engenheira e coach de planejamento Josiane Gramelich começou a fazer seu planejamento em 2007, ainda na faculdade, quando fazia mentoria e, em seguida, o estágio.
“Comecei a ganhar meu dinheiro como estagiária e comecei a me controlar para pagar uma passagem e um lanche da faculdade para não depender muito dos meus pais. Como fiz Ufes, esse dinheiro rendia muito. Fui juntando na faculdade, depois veio a formatura e, em seguida, o casamento. Tive que juntar dinheiro para realizar esses desejos. Comecei anotando o mês e tudo que gastava”, disse Gramelich.
“A renda familiar não se altera. Tudo isso tem que se ajustar: as necessidades, os desejos e os sonhos a sua realidade financeira. Eu não posso gastar nisso tudo mais do que eu recebo. Devemos colocar isso em um caderno ou planilha. Cada família deve fazer a sua planilha dentro da sua realidade. Esse orçamento é fundamental”, acrescenta Vasconcelos.
O economista aproveitou a oportunidade para ressaltar que temos dois tipos de gastos: “Os gastos essenciais, que podem ser alterados, mas não podemos abrir mão, como despesas da casa (aluguel, condomínio, IPTU, alimentação, plano de saúde, celular, internet, mensalidade escolar), e os gastos não essenciais, os quais eu posso abrir mão, como trocar a academia de R$ 200 de mensalidade por uma caminhada ou natação na praia. Posso buscar alternativas. Podemos fazer alguns cortes nesses gastos não essenciais e o que for supérfluo, você descarta”.
“Temos que colocar de um lado da planilha ou do caderno seus gastos e do outro seus ganhos. Isso nada mais é que a radiografia financeira da família. Isso gera vários benefícios. Assim, você consegue visualizar melhor e estabelecer seu planejamento. Isso deve ser feito mensalmente. Mas é preciso executar e avaliar. Temos que estabelecer uma meta de quanto podemos gastar para o controle pessoal”, menciona Vasconcelos.
“Um cuidado que devemos ter são com os gastos invisíveis. São pequenos gastos que ocorrem no seu dia a dia que as pessoas não percebem (imperceptíveis) . Isso no final do mês faz toda a diferença”, destaca o economista.
“Eu uso uma planilha no computador. Hoje, eu faço o planejamento mensal de quanto estou gastando com comida e com o carro. Às vezes, temos gastos fora da curva, como viagens e cursos, aí avaliamos, eu e meu marido, se podemos ou não fazer. O planejamento financeiro foi muito importante para a minha transição de carreira. Deixei de ser engenheira para ser psicóloga. Tive que parar de trabalhar e voltar para a faculdade. Eu trabalhava na Vale, tinha um emprego legal, com vários benefícios. No caminho, fiz mestrado em Engenharia, em 2015, e um processo de coach, em 2016. Já em 2019, entrei na faculdade de Psicologia para complementar. Planejamento foi fundamental para criar coragem para fazer esta transição de largar um emprego. E tudo é conversado com meu marido”, explica Gramelich.
*Por Paula Bourguignon
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