Durante muitas décadas, os animais de estimação eram alimentados com restos da comida que os tutores comiam. Com o desenvolvimento do mercado pet, das rações e, agora, da alimentação natural, essa prática mudou, mas uma dúvida ainda permanece: “meu pet pode comer o mesmo que eu como?”. Segundo Cleuma Ferreira, veterinária especializada em nutrição animal, é que nem tudo o que faz bem para os humanos pode fazer bem para o seu pet.
Embora a ideia de compartilhar uma refeição com seu cão ou gato pareça um gesto de carinho, é importante compreender que nem todos os alimentos que consumimos são apropriados ou seguros para os animais. “Muitos tutores ainda desconhecem o que pode ser tóxico para seus pets, o que pode resultar em emergências evitáveis”, alerta a veterinária.
Resto de comida não é alimentação natural
De acordo com uma pesquisa recente realizada pela Mars Petcare e divulgada pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária, cerca de 40% dos tutores não sabem o peso ideal de seus pets, e quase 25% admitem oferecer alimentos inadequados. Além disso, muitos desses tutores não conseguem sequer informar, durante a consulta veterinária, o nome do alimento que fornecem aos animais. “Muitas pessoas acreditam que dar restos de comida caseira aos pets é alimentar naturalmente, mas o que falta é o controle da qualidade, quantidade e a avaliação desses ingredientes, afinal, existem determinados grupo que são tóxicos aos animais”, afirma Cleuma.
Ainda segundo a especialista, a alimentação natural pode ser uma boa opção se for orientada por um profissional e balanceada corretamente, se não houver este respaldo, é melhor permanecer oferecendo apenas a ração industrial de boa qualidade. “Não podemos simplesmente replicar o que comemos. Comemos comida temperada que no organismo de um pet pode trazer sérios problemas”, reforça.
Cuidados ao compartilhar alimentos
Cães e gatos têm um sistema digestivo diferente do nosso, o que os torna mais sensíveis a certos alimentos. ‘’O chocolate, por exemplo, contém metilxantinas, como a teobromina e a cafeína, metabolizadas de forma muito mais lenta pelos cães e gatos, podendo trazer um ‘acúmulo’ da substância no organismo, podendo causar tremores, convulsões e até insuficiência cardíaca em cães”, explica a profissional.
Outro exemplo são as uvas comuns e as passas, associadas à insuficiência renal aguda em cães, embora o motivo exato ainda não seja completamente compreendido pela ciência. ‘’Estão investigando componentes como o ácido oxálico ou o ácido tânico que podem estar relacionados a essa toxicidade no animal, mas a substância responsável ainda não foi identificada de forma conclusiva. Por essa razão, é essencial evitar a ingestão dessas frutas pelos animais’’, detalha.
Cleuma explica ainda que o alho e a cebola, pertencentes à família das plantas Allium, que contêm compostos de enxofre, como a alicina, são tóxicos para os animais de estimação. ‘’Quando ingeridos em excesso, esses compostos podem causar anemia hemolítica, uma condição séria em que os glóbulos vermelhos dos pets são destruídos mais rapidamente do que podem ser substituídos, levando a sintomas como fraqueza, letargia, perda de apetite, vômitos e diarreia. Em casos extremos, a intoxicação pode levar à morte, especialmente se não tratada imediatamente. Mesmo pequenas quantidades, quando oferecidas regularmente, podem comprometer a saúde do animal, principalmente se não for um animal saudável.’’
Alimentação balanceada
Uma opção segura para quem quer partir para a alimentação natural é a marmita saudável para pets. Maria Mattos, sócia-diretora da Pet Chef Chico, empresa especializada em marmitas e petiscos naturais para pets, explica que todas as linhas foram desenvolvidas por veterinários especialistas em nutrição animal para atender a todas as necessidades dos pets. A linha terapêutica para pacientes renais é uma das formulações mais específicas de todas as comercializadas. ‘’Animais com doença renal precisam geralmente de dietas com restrição de proteínas para reduzir a carga nos rins, então a linha é completamente pensada para adequar a alimentação desse animal. Assim que percebemos que estamos lidando com um cliente renal, imediatamente já sabemos que a tratativa será diferenciada’’, explica Maria.
E o que está liberado?
Existem alimentos seguros para os pets, desde que oferecidos em quantidades adequadas. “Então, os pets podem comer comida de gente? Sim, mas sempre com orientação, moderação e sempre considerando o tamanho e a condição de saúde do animal atual”, complementa Cleuma.
Segundo Gisela Mattos, CMO e cofundadora da Pet Chef Chico, todos os ingredientes das marmitas e das linhas são completamente liberados para pets, em uma quantidade adequada, com a suplementação correta e também com o preparo ideal. “Ocorre um processo diferente para cada linha, afinal são linhas específicas, como as pensadas para os clientes debilitados, para os filhotes, para os alérgicos, e assim em diante’’, aponta a empresária.
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