Antes de dar início à atuação em dez bairros e distritos do Espírito Santo, o projeto Lugares de Ler promoveu, nos últimos sábado (27) e domingo (28), a primeira formação para os Agentes de Leitura selecionados para atuar nas comunidades, fomentando clubes de leitura e outras atividades ligadas à literatura. O evento formativo aconteceu na Biblioteca Pública do Espírito Santo (BPES), em Vitória.
Durante a atividade, foram abordadas questões como curadoria, práticas de leitura, mediação literária e clubes de leitura, além de servir para a apresentação detalhada do projeto e informes administrativos. A ação é realizada pela Secretaria da Cultura (Secult), em parceria com a Biblioteca Pública do Espírito Santo e o Instituto Agir, com recursos federais da Lei Paulo Gustavo.
“A atividade dos Agentes de Leitura nos territórios vai ser fundamental para o resultado do Lugares de Ler. A formação deste final de semana colocou todo mundo na mesma página, integrando o grupo entre si, sedimentando os principais conceitos sobre mediação de leitura, e fortalecendo as ideias centrais do projeto”, afirma Ana Laura Nahas, a gerente de Formação, Livro e Leitura da Secult.
A facilitação da formação ficou por conta do escritor e produtor Henrique Rodrigues e de Gabriel Nascimento, coordenador de formação continuada do projeto Lugares de Ler. “Trabalhamos com determinadas metodologias, práticas e fundamentos de atividades das mais variadas que fomentem os diferentes tipos de leitura. A recepção foi ótima pois temos um grupo muito interessante, muito ativo, diversificação e, provavelmente, vai fazer um grande trabalho de estímulo à leitura aqui no Espírito Santo”, afirma Henrique Rodrigues, que, além de autor de mais de 20 livros, é curador de programações literárias e consultor para projetos e programas de formação de leitores.
A formação buscou contribuir para os primeiros passos antes da atuação nos territórios, que são algumas das regiões consideradas de maior vulnerabilidade social atendidas pelo Programa Estado Presente em Defesa da Vida, do Governo do Estado. São eles: Piedade, São Pedro e Bairro da Penha (Vitória), Nova Rosa da Penha e Padre Gabriel (Cariacica), Terra Vermelha (Vila Velha), Carapina (Serra), Jabaraí (Guarapari), Jacupemba (Aracruz) e Planalto (Linhares).
“Essa formação inicial que nós, agentes de leitura, recebemos é de fundamental importância para dar um suporte para que a gente possa estar no território sem que a gente imponha um projeto de leitura que não escuta demandas do território”, diz Kátia Fialho, agente de Leitura que vai atuar na região de Nova Rosa da Penha, em Cariacica.
“Nesse sentido, estamos aqui sendo munidos de informações, ideias e práticas compartilhadas que vão potencializar esse projeto e que vão construir cenários totalmente diversos em cada território, além de poder nos dar um diagnóstico de tudo aquilo que podemos no fomento à leitura”, complementa Kátia Fialho.
Agentes de leitura
Gleuber Pereira, selecionado para atuar em Jacupemba, Aracruz, considerou a formação valiosa não só pelo conteúdo trazido, mas também pela troca e interação com os colegas que vão trabalhar em outros territórios. “Ajudou a entender qual a função de fato de um agente de Leitura, até porque nos municípios mais afastados da Grande Vitória temos uma dificuldade maior no acesso à cultura e, às vezes, a forma que a gente enxerga a cultura no interior não é exatamente o que está sendo produzido na Capital, na Região Metropolitana”, explicou.
A agente Luara Silva, que vai atuar na região da Piedade, em Vitória, destacou algumas das questões que emergiram durante as atividades. “Discutimos também sobre como chegar aos não-leitores, como criar novos leitores, fortalecer as comunidades leitoras, criar uma cultura de leitura maior nos territórios. Pensamos em estratégias, se é melhor trazer logo os livros, ou ir discutindo, lendo, compartilhando leituras, lendo conjuntamente. Refletimos também sobre como a oralidade é muito potente, inclusive na literatura, que conversa com a literatura oral, e com as narrativas, com nossa leitura de mundo”, disse Luara Silva.
Henrique Rodrigues elogiou o grupo de Agentes de Leitura e apontou algumas questões desafiadoras. “Os principais desafios naturalmente são aqueles de quem vai fazer um trabalho em determinadas comunidades onde não há tantos equipamentos ou serviços que tenham o estímulo à leitura como base. Então, de certa forma, eles vão desbravar um território, que é esse território invisível e precioso que é o da leitura literária”, frisou.
*Informações da SECULT.