O julgamento do ex-pastor Georgeval Alves Gonçalves, acusado de estuprar, torturar e matar os irmãos Kauã e Joaquim, em 2018, está marcado para a próxima segunda-feira (3), no Fórum Desembargador Mendes Wanderley, em Linhares, sob a presidência do juiz da 1ª Vara Criminal, Tiago Fávaro Camata. Mas a mãe dos dois meninos, Juliana Sales, não será julgada.
Juliana, que estava viajando com o filho mais novo do casal no dia do crime, chegou a ser presa duas vezes durante as investigações por suspeita de ter participação do caso ou de omitir os crimes de Georgeval. Atualmente, a ex-pastora está em liberdade.
O Ministério Público do Espírito Santo defende que Juliana Sales deva ser julgada, mas a Justiça capixaba rejeitou a denúncia do órgão. Confira trechos da denúncia do MPES:
“A partir de uma detida análise dos dados telefônicos extraídos dos celulares dos acusados, denota-se que a denunciada Juliana tinha pleno conhecimento do sério desvio de caráter inerente à pessoa do denunciado Georgeval (fls. 750/752), inclusive, por diversas vezes, reclamava da indiferença em que ele tratava os filhos e o enteado. Apurou-se que o denunciado deixava faltar às crianças comida, medicamentos e atendimento médico, mesmo sendo elementos indispensáveis à sobrevivência delas (…) Mesmo nesse contexto familiar, no dia 20/04/2018, a denunciada Juliana viaja para Teófilo Otoni/MG, para um encontro de “Dança Profética”, realizado pela igreja, deixando seus filhos, Kauã e Joaquim, aos cuidados do denunciado Georgeval. Ocasião em que a denunciada devia e, efetivamente, podia agir para evitar as mortes das crianças”.
“A denunciada Juliana, mediante omissão penalmente relevante, concorreu para os estupros, praticados por Georgeval, contra seus filhos, Kauã e Joaquim. (…) Kauã e Joaquim já apresentavam sintomas de que estavam sendo abusados sexualmente. Na escola, em algumas ocasiões, Kauã chorava desesperadamente, mas falava para as professoras que não podia relatar o motivo. Também já houve registros, na escola, de que Joaquim se queixava de estar sofrendo abusos sexuais, ocasião em que os denunciados compareceram no estabelecimento e afirmaram, veementemente, que tais práticas não ocorriam no âmbito doméstico; tentaram, inclusive, apontar como eventual culpado um estudante de 05 anos. A denunciada, como mãe das vítimas, sabedora do seu dever de assistência e proteção, viajou com as amigas no dia anterior aos fatos, deixando as crianças, exclusivamente, aos cuidados do denunciado Georgeval. Dessa forma, ela devia e podia evitar os crimes contra a dignidade sexual dos vulneráveis, Kauã e Joaquim, ônus do qual não se desincumbiu”.
Defesa de Juliana
A defesa de Juliana alega que não haviam provas da participação dela no crime, mesmo que de forma omissiva. A defesa, na audiência de instrução e julgamento realizada, pediu a liberdade da ex-pastora.
“Já em relação à acusada Juliana, não verifico presentes os indícios de autoria para os crimes de duplo homicídio simples e estupros de vulneráveis com aumento de pena, a ela imputados na forma omissiva”, decidiu o juiz André Dadalto.
Relembre o caso
O crime aconteceu no dia 21 de abril de 2018, por volta das 2h, na casa onde Georgeval e Juliana moravam as crianças, no centro de Linhares.
O julgamento do réu Georgeval Alves Gonçalves irá decidir sobre as acusações de homicídio duplamente qualificado, estupros de vulneráveis e tortura. Os crimes teriam acontecido no dia 21 de abril de 2018, por volta das 2h, na casa onde moravam o réu e as vítimas, filho e enteado do denunciado, no centro de Linhares.
Receba as principais notícias do dia no seu WhatsApp! Basta clicar aqui.






