7 Lições de Vida que o Palco me Ensinou

Queridos leitores, as lições de vida que o palco me ensinou vão muito além de decorar textos e receber aplausos. Na última vez que escrevi, compartilhei o porquê de ter escolhido o palco.

Hoje, quero falar sobre o que a vida de atriz me ensinou depois da cortina abrir.

Tudo começou com um choque de realidade, se existe um lugar que me moldou, que me quebrou e me reconstruiu mil vezes, esse lugar foi o palco. Minha vida como atriz nunca foi só sobre decorar texto e vestir uma roupa bonita. Foi uma escola brutal e maravilhosa da vida, e as lições que aprendi ali ecoam em tudo que faço hoje. Vim compartilhar algumas com vocês.

Tudo começou na escola, eu era aquela adolescente que se achava a última bolacha do pacote. Nos eventos escolares, eu era a estrela, me envolvia em tudo! Acreditava piamente que a qualquer momento eu seria descoberta por um diretor famoso. Que tempos ingênuos, né? Rsrs. A realidade, como sempre, veio com um balde de água fria no meu primeiro curso profissional. Percebi na primeira aula que eu não sabia nada. Atuar não era só fingir ser outra pessoa. Meus colegas falavam de técnicas que eu nem sabia que existiam, e eu, que só decorava o texto e “me deixava levar”, me senti completamente para trás. Mas, olhem só, em vez de me abater, aquilo me deu um gás! A humildade de reconhecer que eu tinha muito para aprender foi o meu combustível. A primeira grande lição, nunca ache que você chegou. A vida é um eterno aprender, e a sede por conhecimento é o que nos move para frente.

A vida é um grande improviso

Uma das coisas mais importantes que aprendi, e que vale ouro para qualquer relacionamento, veio do teatro corporativo. São aquelas peças educativas para empresas, sabe? Os textos podem ser bem técnicos, então a gente precisava usar muita improvisação para deixar tudo mais leve. E o improviso não é sobre ser espontâneo e pronto. É sobre estar 100% conectado com a pessoa ao seu lado. É confiar e ser confiável. Lembro de uma cena em que eu falava sobre a importância de usar equipamentos de proteção e, ironicamente, levei um tombo de bunda no chão! Meu parceiro de cena estava de costas, mas percebeu na hora e, sem perder o ritmo, virou e falou: “Tu caíste foi? Pelo amor de Deus, você precisa usar mesmo esses equipamentos, hein!”. A plateia riu, a cena fluiu, e a mensagem ficou ainda mais forte. Isso me ensinou que, seja no palco ou no trabalho, a verdadeira magia acontece quando estamos verdadeiramente presentes uns com os outros, ouvindo e reagindo de forma genuína.

O palco também tem um poder transformador de quebrar nossas barreiras. Eu tinha um pavor enorme de mostrar minha barriga. Aí, fui convidada para interpretar um bêbado que ficava a peça toda com a barriga de fora. A ideia, acreditem, foi minha! Na empolgação do personagem, esqueci totalmente da minha insegurança. Só fui me tocar quando vi as fotos depois. Meu Deus, que desconforto! Pensei: “O que eu fiz?”. Mas aquele incômodo foi um presente. Percebi que meu corpo era um instrumento do meu trabalho, e era lindo do jeito que era. Postar uma daquelas fotos nas minhas redes foi um ato de libertação. A lição? Muitas das nossas prisões são construídas pela nossa própria mente. O palco me forçou a enfrentar a minha, e saí mais livre.

E não se enganem, teatro não é sobre brilhar sozinho. É um esporte coletivo. Já participei de projetos com diretores estressados e colegas que não sabiam ouvir, e era um caos. A energia não fluía. Isso me mostrou, na marra, que o sucesso de qualquer projeto, seja uma peça, seja um filme depende de todo mundo estar na mesma sintonia, empurrando o carro para o mesmo lado. Ninguém brilha sozinho. A escuta e a generosidade são tudo.

Ah, e vamos falar sobre rejeição? Aqui vai um segredo para vocês, nós atores somos criaturas profundamente inseguras. Levar um “não” em um teste é um soco no ego. Lembro do primeiro que tomei. Fiquei meses esperando uma resposta que nunca veio, até que vi uma colega postando sobre o projeto. Foi um baque. Mas, ao olhar para ela, percebi, ela era completamente diferente de mim, no físico e na energia. A lição foi clara e libertadora, muitas vezes, um “não” não é sobre o seu talento, é sobre o seu perfil. Não é pessoal. Levei isso para a vida. Faço o meu melhor, com a cabeça tranquila, e entendo que se não deu certo, era porque não era para ser. Isso tira um peso enorme das costas!

A Empatia Radical dos Vilões

Talvez a lição mais transformadora tenha vindo dos personagens mais complexos: os vilões. Adoro interpretar uma vilã. É desafiador porque, obviamente, não concordo com as maldades que ela faz. O trabalho então é mergulhar na psique dela e entender por quê. O que a fez ser assim? Que dores ela carrega? Esse exercício de criar motivações para ações horríveis acabou transbordando para a minha vida real. Hoje, quando alguém age de uma forma que eu não entendo, eu automaticamente me pergunto: “O que será que essa pessoa está passando? Que batalhas invisíveis ela está lutando?”. Isso não significa aceitar tudo, mas me tornou muito mais compreensiva e empática.

O palco foi mais do que um ofício; foi um treinamento para a vida. Me ensinou resiliência, trabalho em equipe, autoconhecimento e, acima de tudo, a beleza de se colocar no lugar do outro. É uma lição que carrego comigo todos os dias, longe das coxias e dos holofotes. E, acreditem, é uma peça que nunca tem um último ato. A gente sempre está ensaiando, aprendendo e se reinventando. E é isso que torna tudo tão fascinante.

E aí, se identificou com alguma dessas lições? Conta pra mim aqui nos comentários! Adoro trocar experiências com vocês.

Beijos e até a próxima!

Tha Pedrosa