Este mês de setembro tornou-se especial para a história do nosso país. Na mesma semana, além da tradicional comemoração do dia da independência, vivemos um período em que muitos assuntos relevantes para a vida do Brasil têm vindo à tona.
Além do julgamento de oficiais de alta patente do exército brasileiro e do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tema da soberania nacional ganhou grande relevância diante das tarifas e outras sanções impostas por Washington. O patriotismo ganhou força em setores da sociedade em que o tema estava adormecido e fez muitas figuras do cenário político se reposicionarem sobre esse e outros assuntos.
Apesar de ganhar uma nova força, tanto a independência quanto a soberania e o patriotismo são temas muito evidentes no nosso Hino Nacional. Apesar do estilo rebuscado de Joaquim Osório Duque Estrada, percebe-se que na primeira estrofe vemos a cena do grito do Ipiranga. Se reescrevermos esse trecho de forma direta obteríamos os seguintes versos:
As margens plácidas do Ipiranga
Ouviram o brado retumbante de um povo heróico,
E nesse instante o sol da liberdade,
em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria.
A música, por sua vez, é de autoria do violoncelista e compositor, Francisco Manuel da Silva. (1795/1865). Foi escrita em 1823 um hino para comemorar a Proclamação da Independência do Brasil, pois, de acordo com o próprio músico, o seu hino era mais adequado à ocasião do que a música composta pelo imperador Dom Pedro I, que é o atual Hino da Independência do Brasil. De acordo com Francisco Manuel da Silva, a obra do monarca brasileiro também era bela, mas não tinha a capacidade de entusiasmar o povo.
Apesar da opinião do seu autor, a sua melodia foi pouco difundida e só foi utilizada oficialmente em 1831 para comemorar a abdicação do trono por D. Pedro I. Anos depois, a mesma música seria usada para celebrar a coroação de D. Pedro II, com o título de Hino da Coroação.
A letra atual só foi escolhida em 1922, por meio de um concurso público que aconteceu em 1909. Nesse meio tempo, considerou-se a possibilidade de inclusão de um texto, escrito por Américo de Moura, para ser cantado com a atual introdução instrumental.
HINO NACIONAL BRASILEIRO OFICIAL COM INTRODUÇÃO CANTADA
Apesar de pouco compreendido, o Hino Nacional tem sido usado em vários momentos marcantes da história recente do Brasil. Um exemplo marcante foi a interpretação única de Fafá de Belém no período de transição democrática em 1984-85.
Fafá de Belém – Hino Nacional Brasileiro (Álbum “Aprendizes da Esperança) [Áudio Oficial]
Na época essa interpretação foi problemática em função da rigidez legal sobre como o hino brasileiro deveria ser cantado. Era obrigatória a sua interpretação em si bemol maior e em uníssono. Era proibida, portanto, qualquer elaboração de arranjo para um coral de 4 vozes.
Um outro momento marcante ocorreu durante a Copa das Confederações no Brasil, em 2013, e na Copa do Mundo de 2014. Em si, os dois momentos não eram políticos, mas trouxeram aos estádios em que a seleção brasileira jogou o espírito dos protestos que aconteciam nas ruas.
The Crowd at Maracanã sings the Brazilian National Anthem before the 2013 Confederations Cup final
Se buscarmos em nossa memória, vamos encontrar vários outros momentos em que o Hino Nacional foi cantado para animar outras manifestações de nossa cidadania. Esse era, afinal, o objetivo do autor da música e propósito desse nosso símbolo pátrio. Por meio dessa melodia, unimos nossas vozes para dar voz aos nossos sentimentos de cidadania e soberania.









