5 de dezembro de 2025
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Setembro Amarelo: um convite à reflexão e ao cuidado com a saúde mental das mulheres

Sempre que setembro chega, somos lembradas de um tema que precisa, urgentemente, ocupar espaços na nossa rotina: o cuidado com a saúde mental. O mês ganhou a cor amarela para chamar a atenção para essa pauta, mas a verdade é que o assunto merece ser falado o ano inteiro, especialmente entre mulheres, mulheres negras, aquelas que somam tantas jornadas e seguem, muitas vezes, silenciadas sobre seus próprios limites.

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Vivendo no Brasil, já percebíamos a importância de olhar para nossa saúde mental com mais carinho e empatia. Mas foi com a pandemia que esse cuidado se tornou ainda mais urgente. Os desafios e tensões diários esticaram a “corda” ao limite para todas, ampliando discussões sobre empoderamento, inclusão, igualdade e equidade de gênero. Vi, por mim mesma, amigas, colegas e mulheres aos 50 anos, o quanto passamos a procurar mais espaços de escuta, compreensão e acolhimento.

No entanto, sabemos que esbarramos numa realidade difícil: poucos profissionais na área, sejam psicólogas, psiquiatras ou neurologistas, principalmente na rede pública. Em muitos municípios, o atendimento oferecido é insuficiente diante da demanda crescente. O serviço público, por mais conquistas que traga, ainda prioriza o básico, deixando o cuidado com a mente em segundo plano. Mesmo com o avanço de CAPs e a presença de psicólogos nas unidades básicas, é evidente que mulheres seguem esperando semanas, às vezes meses, por um atendimento.

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Essa escassez acarreta outro desafio: a descontinuidade do tratamento. Salários baixos, poucos recursos e falta de estrutura tornam o atendimento precário, tanto para quem busca quanto para quem oferece cuidado. Isso fica ainda mais evidente para nós, mulheres, que historicamente somos vistas como “cuidadoras”. Somos aquelas que cuidam dos filhos, do lar, das pessoas ao redor — e frequentemente nos esquecemos de nós mesmas. Essa sobrecarga mental recai ainda mais sobre as mulheres negras, que enfrentam o racismo estrutural junto às demais pressões cotidianas.

É preciso reconhecer: saúde mental não é luxo, é direito. O Setembro Amarelo deve ser um convite diário à reflexão. Temos que nos permitir parar, escutar nosso corpo e pedir ajuda sempre que necessário. Buscar acompanhamento psicológico, mesmo sem uma questão específica, pode ser um passo fundamental para transformar nossa vivência. Acolher a si mesma, trocar ideias, ouvir profissionais que compreendem nossas histórias e experiências faz parte do empoderamento.

Mesmo na escassez, não estamos sozinhas. O SUS, as unidades básicas, as rodas de conversa, as redes de apoio entre mulheres podem fazer diferença real em nossa trajetória. Precisamos fortalecer laços, acolher outras mulheres, promover a inclusão e construir pontes para um cuidado mental digno.

Por isso, deixo meu apelo: que o alerta do Setembro Amarelo nunca se apague. Que possamos cultivar, todos os dias, o cuidado com nossa mente e nosso coração. Porque a vida pede reflexão, amor próprio, coragem e empatia. E juntas, seguimos em busca de igualdade, saúde e respeito — hoje e sempre.

Fique bem, mulher. Você merece ser cuidada, ouvida e valorizada.

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Cristiane Martins
Cristiane Martins
Mulher, negra, advogada, moradora do Centro de Vitória, Coordenadora de Processos da Propagare Publicidade

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