A Inteligência Artificial já está presente em nosso dia a dia, mesmo que muitas vezes não percebamos. Ela aparece quando pedimos ajuda a um assistente virtual no celular, quando recebemos recomendações de filmes em plataformas de streaming ou quando somos atendidos por um “robô” em um chat online. No mundo do trabalho, sua presença tem se tornado cada vez mais marcante e levanta uma questão central: como será o futuro das relações entre empresas e trabalhadores diante dessa transformação tecnológica.
De um lado, há o receio de que as máquinas substituam pessoas. É verdade que funções repetitivas, que exigem pouco raciocínio criativo, tendem a ser automatizadas. Isso já acontece em setores como logística, atendimento e até em rotinas administrativas. Por outro lado, a mesma tecnologia abre espaço para novas profissões, voltadas justamente para a criação, supervisão e manutenção desses sistemas. Em outras palavras, alguns empregos vão desaparecer, mas muitos outros irão surgir.
A grande chave está na capacidade de adaptação e na busca por qualificação constante.
Outro ponto que desperta atenção é o uso da inteligência artificial nos processos de contratação. Cada vez mais empresas recorrem a softwares capazes de filtrar currículos ou até analisar entrevistas em vídeo para indicar candidatos “mais adequados”. Embora isso traga rapidez e eficiência, também gera preocupações: será que as máquinas conseguem ser realmente imparciais? Afinal, se os dados usados para treinar os programas contêm preconceitos, os resultados podem reproduzir injustiças. O desafio é garantir que a tecnologia esteja a serviço da igualdade, e não que se torne mais uma barreira para quem já enfrenta dificuldades no mercado.
A inteligência artificial também está transformando a forma como se mede a produtividade no trabalho remoto. É possível monitorar tempo de conexão, entregas e até pausas durante o expediente. Mas até que ponto isso é saudável? Se por um lado existe o legítimo interesse das empresas em acompanhar o desempenho, por outro existe o direito do trabalhador à privacidade e, principalmente, ao descanso. O equilíbrio entre tecnologia e limites humanos será cada vez mais discutido, inclusive nos tribunais.
O que se percebe é que a inteligência artificial não é apenas uma questão de inovação tecnológica, mas de impacto social. Ela redefine o que entendemos por trabalho e até o que significa “ser produtivo”. O papel do Direito do Trabalho, nesse contexto, será fundamental para evitar que a busca por eficiência acabe em precarização. O futuro ideal é aquele em que as máquinas assumam as tarefas repetitivas e operacionais, enquanto as pessoas possam se dedicar ao que exige criatividade, estratégia e empatia, características tipicamente humanas e insubstituíveis.
O futuro do trabalho, portanto, não deve ser visto como uma ameaça, mas como um convite à adaptação. A inteligência artificial está aí para ficar, e a forma como a sociedade vai lidar com ela definirá se teremos um cenário de exclusão ou de oportunidades. Cabe a nós, garantir que a tecnologia caminhe ao lado da dignidade do trabalhador e que a modernização não se faça às custas daquilo que nos torna humanos.








