Hoje, quero compartilhar uma reflexão profunda que me atravessou nos últimos dias, especialmente depois do falecimento de Preta Gil. A partida dela, tão marcante, não só por ser uma figura pública, mas por tudo o que simbolizava enquanto mulher, preta, corajosa e empoderada, me fez pensar sobre vários aspectos da vida, do autocuidado e da representatividade.
Falar da Preta Gil é falar de alguém que, independentemente da fama herdada do pai, construiu seu próprio espaço e fez questão de ser vista, sentida, escutada. Ela nunca teve vergonha de ser quem era. Assumia seu corpo, sua identidade, suas dores e alegrias publicamente, o que incomodava muita gente. Vi, ainda no início da carreira dela, como suas fotos na capa do disco geraram debates e preconceitos, inclusive de outras mulheres. Por que uma mulher gorda, preta, ousaria mostrar seu corpo, sua beleza, sua verdade? Pois ela ousou. E isso, para mim, é um marco poderoso de empoderamento e inspiração.
Ainda que eu nunca tenha sido uma grande fã da música dela, não posso negar a importância da postura de Preta. Ela nos ensinou que autoaceitação é um ato político e revolucionário. Não é fácil se enxergar, se assumir, se mostrar, principalmente quando a sociedade insiste em padrões impossíveis. Mas cada vez que uma mulher negra, uma mulher gorda, uma mulher com mais de 50 anos se olha no espelho e se sente linda, existe aí uma pequena vitória contra o preconceito e a opressão.
Refletindo sobre tudo isso, não posso deixar de pensar também na importância do cuidado com a saúde. Preta Gil faleceu de câncer no intestino, uma doença que pode ser prevenida ou tratada precocemente, especialmente com exames como a colonoscopia. Eu mesma, com 51 anos, nunca fiz esse exame – e acredito que muitos de nós também não temos esse hábito. Tristezas como essas nos lembram de nossa humanidade, da importância de se cuidar, de valorizar a vida.
A luta pela vida, pelo nosso espaço no mundo, não está restrita às celebridades. Ela acontece diariamente com mulheres anônimas que enfrentam doenças, preconceitos, sobrecargas e desafios dos mais diversos. Quero aqui mandar toda minha energia, carinho e solidariedade para minha amiga Rose, que está travando sua própria batalha contra o câncer. Ela, assim como tantas outras mulheres negras, mulheres latinas, mulheres aos 50 anos ou mais, é exemplo de resiliência e força.
O dia 25 de julho, quando Preta foi sepultada, é também um dia de luta e reflexão: é o Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. Essa data nos chama para a importância da igualdade, da inclusão e da equidade de gênero. Somos múltiplas, complexas, lindas, com nossas alegrias e dores, com nosso passado e nosso futuro. E merecemos ocupar todos os espaços, sermos vistas, ouvidas, respeitadas.
Mulheres, não importa a idade, a cor, o corpo, ou as marcas do tempo: nosso espaço é o mundo. Vamos nos enxergar, nos acolher, buscar o que é nosso por direito. Se inspirem em exemplos como o de Preta Gil, mas também olhem ao redor – há muitas “Roses” lutando bravamente, mostrando que empoderamento, inclusão e superação fazem parte da nossa história. Sigamos juntas, com força, coragem e muita fé.









