Em um tempo em que as redes sociais nos apresentam casas impecáveis, simétricas e quase cenográficas, é fácil esquecer que o lar não é feito apenas de tendências. Ele é, sobretudo, o reflexo de quem somos, do que vivemos e das histórias que carregamos. Decorar com afeto é resgatar essa essência — é transformar a casa em um lugar de pertencimento, onde cada objeto tem significado e cada canto guarda uma lembrança.
Ao longo da vida, colecionamos muito mais do que objetos: colecionamos afetos. Uma concha trazida de uma viagem inesquecível, a manta feita pela avó, a xícara trincada, mas insubstituível por ter pertencido a alguém querido. Esses pequenos elementos, muitas vezes esquecidos em gavetas ou caixas, têm o poder de nos reconectar com quem somos.
A arquitetura e o design de interiores têm, sim, uma função estética, mas seu verdadeiro valor está na capacidade de criar ambientes que acolhem. Quando integramos memórias à decoração, estamos não apenas embelezando um espaço — estamos humanizando-o. Isso é ainda mais importante em tempos de incerteza ou distanciamento, quando a casa se torna nosso porto seguro.
Incluir afetos na decoração não exige grandes investimentos. Exige olhar para dentro. Qual foi a última vez que você pendurou uma foto que ama? Ou colocou à mostra aquele souvenir que te faz sorrir só de olhar? Um lar com alma é feito de camadas de vivências — e não há catálogo que substitua isso.
Trazer o afeto para a casa também é um gesto de resistência à padronização. É dizer: minha casa tem minha identidade, meu tempo, minha história. É transformar espaços frios em espaços vivos, que crescem e mudam com seus moradores.
Ao pensar em projetos arquitetônicos e interiores, precisamos considerar mais do que proporções e materiais. Precisamos abrir espaço para a vida real — aquela que é imperfeita, mas cheia de sentido. Afinal, o verdadeiro luxo de uma casa não está no mármore ou nos móveis assinados, mas na capacidade que ela tem de nos abraçar no fim do dia.
Então, da próxima vez que for reorganizar sua estante ou escolher uma peça para a sala, pense no que ela te faz sentir. Decore com afeto. É isso que transforma casas em lares.