Em outros artigos citei algumas reflexões do PH Santos, principalmente do canal Mais um pouco (por PH Santos) e sobre a “fragmentação” que já moldou nossas formas de consumir e se relacionar. Mas nesta reflexão trago outro vídeo, dessa vez do Ora Thiago, sobre “conteúdo ultraprocessado”, recomendo o vídeo dele, entitulado: A armadilha do “conteúdo”.
A reflexão que quero propor é um cruzamento do que o PH Santos fala sobre a realidade dos cortes + a era do conteúdo fragmentado, e o conceito do Ora Thiago de conteúdo ultraprocessado.
Ambos falam sobre “conteúdo”. Que se pararmos para pensar, tudo virou “conteúdo”, seja um post nas redes sociais, um vídeo no YouTube, uma matéria para jornal, um material impresso… Talvez exista em algum lugar algo que não poderia, de jeito nenhum, se encaixar nessa etiqueta de “conteúdo”.
Sobre conteúdo fragmentado ou ultraprocessado, os termos empregados em situações diferentes, me parecem similares ou que partem do mesmo princípio: um mal estar em produção e consumo de conteúdo.
Pensando em consumo, que é algo mais próximo das nossas realidades, você já assistiu recortes de vídeos? Seja no TikTok, Instagram, YouTube ou X. Acho que um dos casos que virou piada é das pessoas que produzem esses recortes, como se estivessem em um podcast, mas no fim a pessoa está falando sozinha.
Os recortes são mais comuns do que cortes de lives ou podcast. Afinal, esse tipo de edição aumenta a produção e dá um certo “respiro” para os ditos “produtores de conteúdo”.
Mas esse tipo de “fragmento”, que é a reflexão do PH Santos, não nos leva para uma conclusão. Ou seja, esse corte que consumimos não chega a um clímax ou um final satisfatório, é algo que se estende para outros cortes e esse “fim” nunca chega.
Já na reflexão do Ora Thiago, a produção de conteúdo aumenta cada vez mais, e as plataformas incentivam isso, seja por uso de IA para “produzir mais”, sem necessariamente se levar em conta a qualidade do conteúdo. Por isso somos bombardeados de informações todos dias e diminuir a frequência dessa produção não faz parte do roteiro. Inclusive, além do PH Santos e do Ora Thiago, vários canais de YouTube e influencers já falaram que as plataformas penalizam se diminuir a frequência de postagens, ou se preferir diminuir a frequência de conteúdo, passando a não entregar e até diminuindo o alcance.
Talvez para quem não lide com produção de conteúdo, falar e ler sobre isso pareça um assunto bobo. Mas eu te alerto que se você não produz nada nas plataformas, não faz anúncios, não quer dizer que isso não te atinge, na verdade você é o produto que está sendo vendido, a sua visualização é mais um produto!
E o que isso tem haver com conteúdo? Já parou para pensar que tipo de conteúdo você consome? Para quem vai a sua atenção? E você acha justo que quem captura sua atenção lucre com isso?
Já me fiz essas perguntas antes e cheguei a uma conclusão de que não daria mais atenção para conteúdos que não me agregam ou para criadores de conteúdo, que pouco se importam com quem os segue.
Se você tem qualquer rede social, viu algo sobre a CPI das bets, mesmo que de relance. Confesso que não acompanhei e não ligo com a espetacularização de um processo que claramente está destruindo a vida de muitos brasileiros. O pouco que vi sobre o assunto foi uma ou outra análise de que comportamento, roupa e falas não são por acaso, e no fim é tudo marketing pra vender que pessoa X é assim ou assado.
Refletindo sobre como a CPI foi divulgada, como consumimos conteúdo fragmentado, pouco desenvolvidos ou react do react, no fim o conteúdo é só mais um enlatado empurrado para os “patrocinados”, mais um conteúdo ultraprocessado: sem aprofundamento, às vezes sem sentido, só com um gostinho pra te prender – igual um Cheetos, de nutritivo não tem nada.
Se viver de enlatados já se mostrou péssimo para a saúde do corpo, quando será que vamos entender que o “conteúdo enlatado” é ruim pra mente? Fica o questionamento.
Se não nos organizamos, nos unimos e discutimos os melhores jeitos de viver bem todos, independente de gênero, cor da pele, sexualidade, identidade e anseios pessoais, somos só mais um produto na prateleira das plataformas. Sem senso crítico, inertes e coniventes com qualquer ultraprocessados que nos dão como “entretenimento”.
Mundo fragmentado e ultraprocessado
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