O Governo Federal anunciou uma série de medidas de contenção orçamentária visando ajustar as previsões de receitas e despesas para 2025. Em 22 de maio, os ministros da Fazenda e do Planejamento, Fernando Haddad e Simone Tebet, revelaram o contingenciamento de R$ 31,3 bilhões do orçamento. A cirurgia nas contas públicas é uma resposta direta ao aumento das despesas obrigatórias e ao desempenho abaixo do esperado das receitas, com o intuito de reafirmar a credibilidade fiscal do país e garantir a estabilidade econômica.
Medidas e Motivação da Contenção
A medida se justifica diante do aumento expressivo das despesas obrigatórias e da diminuição na receita projetada. O objetivo principal é assegurar o cumprimento da meta fiscal estipulada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e respeitar os limites impostos pelo novo arcabouço fiscal. Essa contenção é crucial para manter o equilíbrio das contas públicas em um cenário econômico desafiador.
Haddad explicou que o bloqueio é ativado quando as despesas superam o limite de crescimento real de 2,5% definido pelo novo regime fiscal. Ele ressaltou que esse processo envolve remanejamento de recursos de um setor para outro, a fim de manter a sustentabilidade financeira.
Estrutura da Contenção
A ministra Simone Tebet detalhou que a contenção é composta por um bloqueio de R$ 10,6 bilhões, resultado do aumento das despesas obrigatórias, e um contingenciamento de R$ 20,7 bilhões que visa garantir a meta de resultado primário, considerando um déficit de R$ 31 bilhões. Tebet destacou o crescimento das despesas previdenciárias como um fator determinante para o bloqueio significativo anunciado.
Desempenho das Receitas e Desafios
O desempenho abaixo das receitas foi outra razão crucial para a decisão do governo. Fatores como a não compensação da desoneração da folha de pagamento, a greve parcial da Receita Federal e a taxa básica de juros impactaram negativamente nas finanças. Segundo Haddad, apenas a desoneração da folha representa um impacto significativo nas contas públicas, totalizando cerca de R$ 25 bilhões.
A análise das renúncias fiscais também se torna essencial, tendo em vista que dados recentes revelaram valores superiores às estimativas da equipe econômica, o que reforça a necessidade de uma avaliação criteriosa das políticas fiscais.
Compromisso com a Responsabilidade Fiscal
O governo reafirma seu compromisso com a transparência e a responsabilidade fiscal, mostrando-se aberto a tomar novas medidas, caso necessário. O detalhamento da contenção orçamentária será divulgado em anexo ao Decreto de Programação Orçamentária, previsto para 30 de maio, quando os órgãos devem indicar quais programações sofrerão bloqueio.
Principais Pressões Orçamentárias
O relatório econômico indicou três principais fatores que pressionam o orçamento: o crescimento dos benefícios previdenciários, que aumentou em R$ 15,6 bilhões, o Benefício de Prestação Continuada (BPC), com alta de R$ 2,8 bilhões, e os subsídios relacionados ao Plano Safra que somaram R$ 4,5 bilhões.
Apesar das pressões, o governo aponta a estabilidade nas despesas primárias em torno de 19% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025, indicando uma gestão focada em manter o equilíbrio fiscal em tempos complexos.