O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos está acelerando os esforços para ampliar a emissão da nova Carteira de Identidade Nacional (CIN). O documento é apontado como um marco para reduzir fraudes e golpes ao mesmo tempo em que impulsiona avanços econômicos e aperfeiçoa políticas públicas no Brasil. A CIN, cuja primeira via é gratuita, traz como principais inovações o padrão unificado em todo o território nacional e a adoção do CPF como único número de identificação. Além disso, o documento pode ser acessado on-line e conta com QR Code integrado à conta gov.br.
Desde o lançamento, mais de 17,3 milhões de CINs já foram emitidas em todo o país. De acordo com a Secretaria de Governo Digital (SGD), a meta é ambiciosa: alcançar cerca de 130 milhões de emissões até o final de 2026, o equivalente a quase dois terços da população brasileira. Para atingir esse objetivo, o ministério coordena uma força-tarefa com os estados, que são responsáveis pelas emissões, e contou com recursos do Ministério da Justiça, que destinou 15% do Fundo Nacional de Segurança Pública para viabilizar o projeto.
Padrão unificado e impacto econômico
A implementação da CIN em modelo único para os 27 estados busca não apenas combater fraudes, mas também diminuir o chamado “Custo Brasil”, que reflete as dificuldades no ambiente de negócios. A expectativa é que a unificação favoreça o desenvolvimento de um banco de dados consolidado e robusto da população brasileira, permitindo cruzamentos de informações que tornem as políticas públicas mais eficientes.
Rogério Mascarenhas, secretário de Governo Digital, destaca que a transformação digital começa pela identificação segura. Ele ressalta que a CIN não apenas oferece um ambiente de serviços públicos mais eficiente, mas também colabora para um sistema econômico mais seguro. Pesquisas indicam que a adoção de uma identidade digital pode elevar o PIB do Brasil em 13% até 2030.
Segurança digital e desafios tecnológicos
A integração da CIN à plataforma gov.br é vista como um importante passo para centralizar os serviços digitais do governo. Porém, especialistas alertam para o aumento das tentativas de fraude cibernética. Fabio Assolini, diretor da Equipe Global de Pesquisa e Análise da Kaspersky, explica que ataques de phishing — utilizados para roubar informações confidenciais — cresceram significativamente em países que implementaram sistemas digitais de forma rápida. Ele lembra o exemplo da União Europeia, que criou regulações rigorosas para proteger os dados dos cidadãos.
No Brasil, medidas como a verificação em múltiplos níveis e a categorização de contas gov.br em ouro, prata e bronze têm ajudado a aumentar a segurança. Além disso, o governo trabalha para integrar a plataforma com bancos privados, permitindo que as instituições financeiras utilizem os dados da CIN para autenticar clientes de forma mais confiável.
Emissão nos estados
O desempenho dos estados na emissão das novas carteiras varia. O Piauí lidera em proporção da população com a CIN, resultado de um programa piloto no qual recém-nascidos já saem das maternidades com o documento. Em números absolutos, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro estão à frente de São Paulo, que ainda enfrenta desafios logísticos relacionados à continuidade do modelo antigo e à distribuição de carteiras.
A meta do governo é nacionalizar ações como a do Piauí para que a CIN acompanhe os cidadãos ao longo de suas vidas, desde o nascimento até o óbito. Ao mesmo tempo, a substituição do RG pelo novo documento será gradual, com a mudança se tornando obrigatória a partir de 2032. Pessoas acima de 60 anos, no entanto, terão a opção de manter o modelo antigo.
Vantagens e novas perspectivas
A CIN promete facilitar não apenas a concessão de benefícios sociais, mas também a eficiência das políticas públicas ao oferecer dados mais precisos sobre a população. Além disso, o uso de tecnologias modernas, como o QR Code, e a digitalização permitem uma economia processual significativa. Especialistas consideram a carteira um importante passo para modernizar a administração pública e promover maior segurança para cidadãos e empresas.
Atualmente, os estados com maior número de emissões absolutos e proporcionais apresentam diferentes destaques:
– Por emissões: MG (2.130.871), RS (1.746.093), RJ (1.497.465), SP (1.363.241), SC (1.320.319).
– Por proporção da população: PI (27,42%), AC (22,59%), MT (17,78%), AL (17,68%), SC (16,38%).
Com a ampliação do projeto e a crescente adesão da população, a CIN tem o potencial de marcar uma nova era para a identidade e os processos digitais no Brasil.