Cientistas da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, estão na frente no desenvolvimento de um tratamento inovador para perda de peso. O remédio, chamado SLU-PP-332, foi recentemente testado em ratos e não só apresentou resultados impressionantes, como também promete mudar a maneira como tratamos a obesidade e doenças relacionadas.
O diferencial desse composto é que, ao invés de mexer com o apetite, como os remédios convencionais; Ozempic, Wegovy e Mounjaro, ele estimula uma via metabólica que normalmente é ativada pelo exercício.
Esse efeito faz com que o corpo gaste mais energia, acelerando a queima de gorduras, sem a necessidade de aumentar a prática de atividades físicas.
Como ele funciona?
É como se o corpo estivesse se preparando para uma maratona, com todo o potencial energético e queima de gorduras que acontece nesse processo. Esse efeito é possível porque o medicamento faz parte da categoria dos “miméticos do exercício”, substâncias que imitam os benefícios da atividade física.
O professor líder do estudo, explicou que o remédio atua nos músculos esqueléticos de maneira semelhante ao treinamento de resistência.
Resultados da pesquisa inicial
Quando administrado em ratos, os resultados mostraram que o metabolismo do corpo passou a usar mais ácidos graxos, semelhante ao que acontece em humanos durante o jejum ou exercício. Isso levou os animais a perderem considerável peso.
Os testes realizados indicaram que ratos obesos que receberam o SLU-PP-332, mesmo mantendo a mesma dieta e nível de atividade, ganharam 10 vezes menos gordura e perderam 12% do peso corporal em comparação aos não tratados. Além disso, os roedores tratados apresentaram aumento na resistência física, correndo 50% a mais do que antes.
O foco do medicamento está nas proteínas ERRs, relacionadas à ativação de vias metabólicas em tecidos que consomem muita energia, como músculos, coração e cérebro. O desafio anterior era encontrar uma maneira de ativar essas proteínas com medicamentos, mas o SLU-PP-332 mostrou eficácia nessa tarefa, aumentando a atividade dos ERRs.
No artigo divulgado pela ACS Chemical Biology, os pesquisadores relataram que desenvolveram com sucesso o medicamento para intensificar a ação dos ERRs. Também observaram que os camundongos de peso regular que receberam o composto conseguiram correr 70% a mais e percorrer uma distância 45% maior em comparação com os que não receberam o tratamento.
Médicos enfatizam que uma substância como essa poderia ser útil na manutenção da massa muscular durante a perda de peso ou o envelhecimento, no tratamento de pacientes cardíacos graves, obesos e ainda para aqueles que, por algum motivo, não podem praticar atividade física.
Mas calma…
Ainda que os resultados sejam promissores, especialistas alertam que a substância ainda está em estágio super inicial e são necessárias mais pesquisas para entender completamente os efeitos em longo prazo, sua eficácia e possíveis efeitos colaterais.
A atividade física ainda é insubstituível pelos diversos benefícios que proporciona ao organismo, especialmente ao cérebro.
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Lourenço Aresi é profissional de Educação Física e atua como personal trainer.