O Festival Movimento Cidade, que aconteceu de 16 a 18 de agosto no Parque Prainha, em Vila Velha, se destacou em sua sexta edição pela programação inclusiva e divertida, com o tema ‘O Incrível Mundo Além do Sudeste’.
Com o passar dos anos, o Festival Movimento Cidade se firmou como o maior festival de artes integradas do Espírito Santo, conquistando o título de ‘festival dos capixabas’. Luísa Costa, sócia-diretora do Movimento Cidade, destacou que o festival é uma plataforma plural que une arte, música, cinema e batalhas urbanas de forma gratuita e inclusiva.
Léo Alves, sócio-fundador do festival, acrescentou que o lema ‘CIDADE SÃO PESSOAS’ representa um selo de qualidade, comprometido em criar um evento inclusivo, seguro e sustentável, que reflete os valores e direitos que desejamos ver em todas as cidades ao redor do mundo.
A presença de Kaê Guajajara no festival trouxe uma perspectiva indígena importante para o evento. Em entrevista ao Movnews, Kaê destacou a relevância de incluir artistas indígenas em festivais como o Movimento Cidade. Ela enfatizou a necessidade de valorizar as artes originárias do Brasil e como a participação indígena pode despertar uma maior empatia e consciência sobre a coexistência com a natureza, mesmo em ambientes urbanos distantes das florestas.
“As pessoas não estão acostumadas a ver um artista indígena abordando a natureza no contexto urbano. Muitas vezes, imaginam que vou falar apenas sobre algo distante, como a Amazônia. No entanto, quando trago a discussão sobre a natureza e a convivência com ela para o presente e para o momento do show, isso cria uma empatia. Assim, todos nós podemos nos perceber como parte da natureza, unidos e conectados”, afirma a artista.
Kaê também abordou a recepção de seu show, afirmando que o público respondeu positivamente à sua proposta de trazer uma pauta da natureza para o cenário urbano, enfatizando que essa conexão ajuda na preservação do meio ambiente. Para ela, a interação com o público após o show é fundamental para fortalecer a presença indígena na cultura popular: “Tá trocando com a galera, mesmo depois do show. Eu gosto de estar ali falando, porque também tem muitos indígenas em retomada e é muito importante”. Inclusive, no festival, tivemos o encontro da liderança indígena, da Vila de Guaibura, em Guarapari, a Potira de Almeida com a Kaê. Confira os registros:
Além disso, Kaê comentou sobre o impacto do seu funk em língua indígena, afirmando que esse feito pode abrir portas para outros artistas indígenas no gênero. Ela acredita que a inclusão de músicas indígenas em estilos populares como o funk pode ajudar a consolidar a presença indígena na cultura contemporânea, tornando-a parte do cotidiano das pessoas e mostrando que os indígenas também estão inseridos na realidade musical atual.
“Acho fundamental que estejamos abordando esse assunto, pois é uma mensagem tão importante que pessoas que ouvem funk também podem ter acesso a essa arte. Não precisamos limitar a arte a um gênero musical específico, sabe? É essencial que todos possam se conectar com a mensagem, independentemente do estilo musical que preferem“, explica.
A cantora completa, “Acho que isso reflete muito bem o que está acontecendo hoje. É incrível ver um funk indígena, por exemplo, o que mostra que há indígenas vivendo nessa realidade onde o funk é presente. É crucial destacar e reconhecer o que está acontecendo no momento presente”.
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