segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Dengue: como identificar, tratar e prevenir a doença, segundo especialistas

Você ou alguém próximo teve dengue recentemente? Nos últimos anos, a dengue tornou-se uma preocupação constante no Brasil. Com ciclos endêmicos e epidêmicos, a cada 4 ou 5 anos, a doença apresenta um aumento significativo no número de casos, bem como na gravidade das ocorrências, resultando em mais hospitalizações. Em 2020, foram registrados 1,4 milhão de casos. Em 2023 esse número subiu para 1,6 milhão, com 1,079 mortes; e em 2024, pode variar de 1,7 milhão a 5 milhões, de acordo com estimativas do Ministério da Saúde. As previsões foram feitas em parceria com o InfoDengue e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Diante desse cenário, o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), tem realizado treinamentos para aprimorar o conhecimento de profissionais e alunos da instituição sobre a doença.
No Dia Nacional de Mobilização contra a doença, neste sábado, 2 de março, agentes de limpeza do Hucam realizaram um mutirão para intensificar as ações de combate ao mosquito transmissor da doença nas áreas externas do hospital, em Santa Cecília, na capital capixaba.
 Confira o que alertam os infectologistas para lidar com essa questão de saúde pública.
O que é a dengue?
A dengue é uma doença viral causada pelo vírus (DENV) do gênero Flavivirus, família Flaviviridae. Com quatro sorotipos diferentes – DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4 – a principal forma de transmissão é pela picada da fêmea infectada do mosquito Aedes aegypti. Outras formas menos comuns de transmissão incluem transfusão de sangue e transmissão da gestante para o bebê. É importante ressaltar que não há transmissão por contato direto com pessoa doente.
A médica infectologista do Hucam-Ufes Rubia Miossi ressalta a importância de estar atento aos sintomas da doença. Segundo ela, “o período de incubação é de, em média, 5 dias e, depois geralmente os sintomas começam com febre súbita, com muita dor no corpo, geralmente dor muscular mas nada impede dor articular, dor de cabeça atrás dos olhos, que não passa.
“Também pode dar manchas no corpo, mas elas costumam aparecer lá no quinto ou sexto dia, então não precisa esperar elas acontecerem para achar que tem dengue.  Febre súbita e dor de cabeça já são suficientes para achar que tem dengue e procurar serviço de saúde”, explica.

Procurar o serviço de saúde no início, quando os sintomas são brancos, receber hidratação adequada e monitorar a evolução dos sintomas, a chance de evoluir para quadro grave de dengue, com necessidade de hospitalização, é menor, explica Rubia Miossi.

Os sinais de alerta que indicam gravidade e requerem maior atenção incluem: sangramento espontâneo e de mucosa, dor abdominal intensa, vômitos persistentes, pressão baixa, sonolência e comprometimento dos órgãos. É fundamental procurar atendimento médico ao apresentar qualquer um desses sintomas, para avaliação e orientações quanto ao repouso, hidratação, sinais de alarme e monitorização com exames laboratoriais.
O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais, como: a detecção da proteína NS1 da dengue, isolamento viral ou exame sorológico IgM.
Medidas de tratamento
O tratamento da dengue é dependente, essencialmente, do estado clínico do paciente e da presença de sinais de gravidade. Conforme o médico infectologista Rodrigo Douglas Rodrigues, do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), “a avaliação médica sempre se faz necessária em todo paciente com suspeita de dengue ou dengue confirmada”.
Os sintomas mais intensos da dengue, geralmente, não duraram mais do que sete dias. O tratamento principal consiste na hidratação, que pode ser realizada em domicílio e via oral para casos leves, ou intravenosa e sob regime de internação hospitalar para casos mais graves. Não existe um antiviral específico para tratar a doença, mas a hidratação costuma ser eficaz quando iniciada precocemente. Nas situações graves, as complicações incluem hemorragias, pressão baixa, acúmulo de líquido em cavidades do corpo (como no pulmão, abdômen e coração), choque e óbito.
É importante ressaltar que alguns remédios não devem ser tomados, por aumentarem o risco de sangramentos e hemorragias causados pela dengue. Dentre as medicações contraindicadas estão os anticoagulantes, tais como salicilatos (ácido acetilsalicílico, ácido salicílico, diflunisal, salicilato de sódio, metilsalicilato, entre outros), os anti-inflamatórios não esteroidais (indometacina, ibuprofeno, diclofenaco, piroxicam, naproxeno, sulfinpirazona, fenilbutazona, sulindac e diflunisal) e os anti-inflamatórios hormonais ou corticoesteroides (prednisona, prednisolona, dexametasona e hidrocortisona). Portanto, é fundamental que pessoas com suspeita de dengue evitem a automedicação e busquem orientação médica para o tratamento adequado da doença.
Combate ao mosquito transmissor da dengue
Cuidados simples podem fazer toda a diferença para combater o Aedes aegypti e evitar sua picada, como: manter as garrafas vazias ou baldes virados para baixo; evitar o acúmulo de entulho e água parada no quintal ou nas ruas; cobrir caixas d’água, poços ou piscinas; bem como manter as calhas limpas. Além disso, é importante colocar terra ou areia nos pratos dos vasos de plantas, manter as latas de lixo tampadas e descartar corretamente cascas de coco, latas de refrigerantes, copos plásticos e embalagens.
Outras medidas incluem guardar pneus em locais cobertos; tampar ralos pouco usados e jogar água sanitária no cano duas vezes por semana; diminuir o número de bebedouros de animais e manter o aquário limpo e fechado. A instalação de telas de proteção nas janelas e mosquiteiros na cama também são medidas complementares e eficazes que auxiliam na prevenção da proliferação do mosquito transmissor da dengue.
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