domingo, 22 de dezembro de 2024

Morte de líder quilombola pode estar ligado a disputa de terras

Após a morte da líder quilombola Bernadete Pacífico, assassinada na noite da última quinta-feira (17). O governo da Bahia informou que vai revisar todos protocolos em relação a proteção de quem é envolvido na defesa dos direitos humanos.

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Bernadete que também era mãe de santo foi executada com mais de 20 tiros, dentro de casa, no Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, município da Bahia. Ela era liderança e referência na luta dos quilombolas de todo o Brasil.

Bernadete relatou que já estava recebendo ameaças de morte por conta do seu trabalho de reconhecimento e legalização de terras em diversos quilombos. A líder estava em casa com o neto, quando dois homens armados e usando capacete de moto, entraram na residência, e atiraram várias vezes na mãe de santo. Mais de 10 tiros foram no rosto.

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Filho de Bernadete também foi assassinado

Em 2017, o filho de Bernadete, Flávio Gabriel dos Santos, o Binho do Quilombo, também havia sido assassinado. Ele também era militante para melhoria das condições do povo quilombola. Outro filho de Bernadete, Jurandir Wellington Pacífico, informou que as ameaças de morte à mãe eram feitas desde 2016. Jurandir afirma que se trata de crime de mando.

“É crime de mando, crime de execução, não tem para onde correr, igual ao de Binho do Quilombo”, afirmou o filho da vítima.

“Eu já perdi meu irmão, já perdi minha mãe, só resta eu, eu sou o próximo”, concluiu.

Questionado sobre quem estaria por trás do assassinato, Jurandir respondeu: “Especulação imobiliária, grilagem de terra, política, grandes empreendimentos, tudo isso aí”.

O assassinato de Bernadete ocorreu mesmo ela estando no programa de proteção à testemunha, como confirmou seu filho Jurandir. Em volta da casa de Bernadete haviam câmeras, mas, segundo Jurandir, os policiais só visitavam o local por 20 ou 30 minutos por dia, não ficando de prontidão na comunidade.

“Os meliantes sabiam os horários que eles [os policiais] iam e atacaram. Tanto que na hora que executou minha mãe, cadê a proteção? A única coisa que ficou foram as câmeras que gravou”, afirmou.

Na última década, pelo menos 30 quilombolas foram assassinados por conta da luta em relação à terra. Os executores de Bernadete ainda não foram localizados.

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