Rita Lee morreu semana passada. Independente do que alguém pensa sobre sua música, é inegável a importância para a música brasileira.
A comoção na imprensa e nas redes sociais foi geral. Belos textos saíram. Um jornal de Santos fez uma capa em que todos os títulos eram trechos de letras de música dela. Apesar do título horrendo, a Folha soltou um ótimo texto sobre dona Rita.
Foram lembradas capas de Veja e Isto É sobre Elis Regina e Cazuza. A espetacularização da morte em seu pior, escândalos sobre drogas e “sexualidades desviantes” (lembre-se que Cazuza morreu no auge no pânico causado pelo HIV, tanto a doença quanto a falta de informação).
Quando gostamos de um artista, nos sentimos próximos, amigos. Mas aqui vai uma novidade: não somos. Seu artista favorito não te deve nada.
Ele também é uma pessoa, com vida própria. Ele também tem alegrias e tristezas, que não precisamos conhecer. A privacidade é um direito de todos.
Ainda que totalmente fora de moda, a privacidade é essencial. Com a hiper-conectividade proporcionada por smartphones, nos acostumamos a ter acesso à tudo, inclusive vidas alheias.
Isso é um saco. Desumaniza. Pense no pavor que deve ter sido para a família da Marília Mendonça ver vazadas as fotos do corpo da artista num necrotério.
A arte é uma das facetas mais belas da experiência humana. Respeitemos a privacidade (em vida e pós-morte) de quem nos ajuda a criar sentido para a vida.
Em tempo
Saiu a novo disco de billy woods (em minúscula mesmo e Kenny Segal, Maps. Anos após o fantástico Hiding Places, o rapper e o produtor chegam com outro disco maravilhoso. Use o inglês que você aprendeu na escola e tenha contato com a obra de um dos grandes escritores do século 21 (sim, um rapper é um dos grandes escritores do século).