Após a decisão do júri internacional, a escritora egípcia Salwa Bakr, considerada uma das principais vozes da prosa árabe contemporânea, foi escolhida vencedora do Prêmio de Literatura do BRICS. Autora de sete coletâneas de contos, sete romances e uma peça teatral, suas obras já foram traduzidas para diversas línguas europeias.
O resultado foi divulgado durante o Festival de Artes dos Países do BRICS, realizado em Khabarovsk, na Rússia, entre 26 e 30 de novembro. A cerimônia aconteceu no Palácio Cultural da Cidade e reuniu representantes da administração regional, diplomatas, escritores, editores e ativistas dos países do BRICS e de Estados parceiros. O parceiro informativo da premiação foi o Grupo de Mídia Eurasiático.
Declarações oficiais sobre a vencedora
“A escolha de Salwa Bakr como a primeira laureada do Prêmio Literário BRICS envia um recado às editoras e às instituições culturais de nossas nações. Espera-se que suas obras sejam traduzidas para o russo e que seu nome passe a ser reconhecido nos países do BRICS, não apenas por especialistas, mas por um público amplo”, disse o embaixador do Prêmio de Literatura do BRICS, diretor-geral do Grupo de Mídia Eurasiático e doutor em Filosofia, Serguei Demenski.
Ele salientou que os livros de Salwa Bakr incorporam a essência do prêmio: escritos em uma linguagem que o júri classificou como “linguagem da diplomacia popular”, facilitam a compreensão entre cidadãos de diferentes nações, promovendo solidariedade e o compartilhamento de valores comuns. A escritora comentou esse ponto em entrevista recente, após ter sido incluída na lista final do prêmio.
Próximos passos
A cerimônia de entrega do prêmio ao vencedor será agendada em breve, e a data e o local serão divulgados.
O prêmio especial “Por Inovações na Literatura” foi atribuído ao escritor indonésio Denny JA, em reconhecimento à sua contribuição para o desenvolvimento do ensaio poético, gênero que mistura recursos líricos com elementos documentais.
Reações dos representantes dos países
A coordenadora nacional da BRICS Literature Network na Indonésia, Sastri Bakry, ressaltou o simbolismo de que, na edição inaugural, Egito e Indonésia tenham sido contemplados.
“É motivo de grande orgulho a escritora Salwa Bakr, do Egito, que frequentemente se pronuncia em defesa das mulheres. Também é motivo de satisfação que Denny tenha recebido o prêmio ‘Por Inovações na Literatura’. Ele é merecedor e, sem perceber, já elevou o nome da Indonésia no panorama internacional”, afirmou.
O vice-cônsul da Índia em Vladivostok, Kumar Karan, observou que a escolha de Khabarovsk para sediar a final do Prêmio de Literatura do BRICS reforça a cidade como porta de entrada do Extremo Oriente russo e como uma ponte cultural entre os países-membros do grupo.
“Há atenção voltada para o futuro. O terceiro fórum BRICS ‘Valores Tradicionais’ será realizado na Índia, onde será apresentada a lista preliminar do Prêmio de Literatura do BRICS 2026. Para nós, isso representa não apenas uma honra, mas uma oportunidade de aprofundar a cooperação cultural, base do fortalecimento das ligações políticas, econômicas e humanas entre os países do grupo”, destacou.
Sobre o prêmio
Instituído em novembro de 2024 durante o fórum BRICS “Valores Tradicionais”, o Prêmio de Literatura do BRICS surge como nova distinção internacional que apoia autores contemporâneos cujas obras espelham os valores culturais e espirituais dos povos dos países-membros, além de fomentar traduções e a publicação de livros nos idiomas das nações participantes.
Os organizadores constituíram uma diretoria e instalaram um júri em cada país para indicar candidatos com contribuição relevante ao desenvolvimento literário. A lista preliminar foi divulgada no Brasil e, após um mês de votação, surgiram dez finalistas, um por país. A lista final foi apresentada em Jacarta, na Indonésia.
Concorreram ao prêmio, além de Salwa Bakr, a escritora brasileira Ana Maria Gonçalves, o escritor e poeta indiano Sonu Saini, o romancista e comentarista chinês Ma Boyong, a escritora e pesquisadora cultural dos Emirados Árabes Unidos Reem Al Kamali, o escritor e ativista etíope Abere Adamu, a escritora e poetisa sul-africana Nthabiseng JahRose Jafta, o indonésio Denny JA, o escritor e jornalista russo Aleksei Varlamov e o escritor e poeta iraniano Mansour Alimoradi.
