Moda preta ocupa o Centro de Vitória com debate, estética e potência criativa
No dia 29 de novembro, às 16h, o Centro de Vitória recebe Moda em Voz Alta, encontro que costura ideias, identidade e presença preta num lugar onde passado e futuro se cruzam na esquina. A Coletiva Démodé e o Espaço Telema unem forças para criar um ambiente em que moda deixa de ser vitrine e vira conversa, experimentação e afirmação. Tudo com brechó, discotecagem e roda de diálogo que promete ser daquelas que fazem a mente girar mais rápido que agulha de costureira em semana de desfile.
O coração do evento é a roda Pluralidade e Caminhos da Moda Capixaba, onde cada convidade traz não só experiência, mas uma coleção inteira de vivências. Então os convidades dessa edição são:
Thiago Tavares chegando com uma energia que mistura fantasia e profundo senso de pertencimento. Crescido entre Consolação e Gurigica, ele transformou o carnaval em campo de pesquisa, criação e resistência. Seu trabalho integra estética e comunidade, criando figurinos que carregam memória coletiva e orgulho. Para Thiago, moda não é só o brilho da avenida, é também o gesto que preserva ancestralidade e devolve beleza às ruas de onde veio. Ele costura crítica social com fita métrica e cola quente, num estilo que ninguém mente.
Maxswel Nascimento (Max), por sua vez, fez da própria imagem um manifesto. Modelo, artista visual e atuante em projetos de ocupação estética urbana, ele transita por editoriais, audiovisual e pesquisa de moda com olhar atento para sua identidade negra e para a força imaginativa do território capixaba. Tem presença firme em iniciativas de formação e circulação artística e busca quebrar a lógica que tenta limitar corpos negros a padrões engessados. Maxswel pensa moda como política e poesia, às vezes na mesma fotografia.
Já Ashanti Makida carrega no nome a marca da realeza africana e, no fazer, a chama criativa da cultura Ballroom. Ela atua em moda, performance, consultoria de estilo e projetos socioambientais. Acredita em sustentabilidade como gesto de afeto e reparação. No Ballroom, Ashanti encontra espaço para celebrar o próprio corpo e multiplicar autonomia em outras pessoas. Sua estética é feita de futuro e de raiz, de movimento e de sutileza, e sua fala costuma abrir portas que muitos preferem manter fechadas.
A Coletiva Démodé, responsável pelo encontro, segue comprometida com a ideia de que moda é território político e pode ser ferramenta de transformação. O grupo investiga memória, corpo e cidade para criar experiências que escapam da lógica da tendência rápida e apostam em pensar moda como relação. No Centro de Vitória, esse pensamento encontra cenário fértil: ruas históricas, edifícios que guardam histórias e um público que tem se aproximado cada vez mais das manifestações culturais de base comunitária.
Moda em Voz Alta nasce para afirmar algo simples, porém decisivo: criar é ocupar, vestir é narrar, e a moda negra capixaba não pede licença para existir. Ela se apresenta, vibra e sinaliza que há muita gente costurando futuro com linha firme e intenção clara.
E como diz o ditado (que acabo de inventar): quando a moda preta fala alto, até o concreto do centro pára pra ouvir.
#oCentroTemSoVem








