A Black Friday 2025 ocorre em um momento de mudanças significativas para o varejo brasileiro. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), em conjunto com a FIA Business School, indica que o interesse pela data promocional passou por um ponto de inflexão, com queda marcada no engajamento dos consumidores.
A pesquisa percorre a trajetória desde a estreia do evento no Brasil, em 2010, e revela que, após uma década de forte expansão do interesse por ofertas, com pico em 2019, o mercado registra agora uma queda contínua. Em 2025, o índice de interesse geral chegou a 394 pontos, o que representa uma queda de 48,4% em relação a 2019, quando o índice marcava 764. Na comparação com o ano anterior, o recuo foi de 9,13%.
O Ibevar atribui essa diminuição a fatores como o aumento do endividamento das famílias, a menor geração de empregos, a elevação das taxas de juros e à percepção de que muitas promoções não apresentam descontos reais, disse Claudio Felisoni, presidente da entidade e professor da FIA Business School.
Os elementos macroeconômicos têm papel central nesse arrefecimento. A parcela da renda comprometida com dívidas alcança 48,91% e houve redução na criação de vagas em comparação com 2024. Além disso, as taxas de juros elevadas seguem limitando o acesso ao consumo.
| Índice de interesse por promoções | |
| Ano | Score |
| 2010 | 543 |
| 2011 | 643 |
| 2012 | 564 |
| 2013 | 540 |
| 2014 | 582 |
| 2015 | 617 |
| 2016 | 631 |
| 2017 | 662 |
| 2018 | 760 |
| 2019 | 764 |
| 2020 | 667 |
| 2021 | 604 |
| 2022 | 609 |
| 2023 | 516 |
| 2024 | 430 |
| 2025 | 394 |
Categorias em baixa e comportamento seletivo
A avaliação de longo prazo (2012-2025) mostra um consumidor mais criterioso no varejo. Para quase 70% dos produtos analisados (67,5%), observa-se queda ou estabilidade na disposição de compra ao longo desse período.
Na comparação entre 2024 e 2025, várias categorias de bens duráveis e semiduráveis registram retração na intenção de compra. Entre os itens tradicionalmente buscados na data estão micro-ondas, lavadoras de roupas, tênis, videogames e fritadeiras, que apresentam redução na demanda prevista.
Embora o interesse geral esteja em retração, o estudo aponta uma nuance: a Black Friday 2025 tende a ser “um pouco melhor do que a de 2024” em volume para determinados produtos, mas essa recuperação ocorre dentro de um quadro geral de menor engajamento.
O diagnóstico aponta que o consumidor que efetua compras está mais cauteloso, criterioso e racional, conforme a análise do Ibevar.
De acordo com o Ibevar, o ciclo de consumo da Black Friday alcançou maturidade. Estratégias comerciais baseadas apenas em descontos agressivos perderam eficiência diante de um público endividado e desconfiado.
Para reaquecer o movimento nos próximos anos, o varejo terá de reforçar a oferta de valor, transmitir confiança e tornar a experiência de compra mais conveniente, sugere a análise de mercado.









