4 de dezembro de 2025
quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

A COP das contradições

Segunda semana de COP30 e o que mudou? A COP das contradições já juntou diversos atos contra a venda de crédito de carbono, atos para que as lideranças globais incluam os povos originários, quilombolas e ribeirinhos nos debates, atos para que o foco do debate seja agrofloresta, mitigando os efeitos das crises climáticas. Assunto e luta não faltou desde que a COP30 começou. 

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Em paralelo a COP, ocorreu a Cúpula dos Povos, onde todos que foram excluídos dos debates e decisões da COP se reuniram para pensar, debater e criar juntos soluções reais para a crise climática, só que com a união dos povos. A Cúpula terminou no dia 16 de novembro, no mesmo dia fizeram a entrega da Declaração da Cúpula dos Povos Rumo à COP30 à presidência da COP. Da unidade na diversidade, pautas como reforma agrária, fim da exploração dos combustíveis fósseis, participação e protagonismo dos povos na construção de soluções climáticas, demarcação, desmatamento zero e várias outras compõe o documento entregue pelos representantes do Conselho Político da Cúpula, uma carta assinado por mais de mil organizações, que participaram do evento. 

No mesmo dia, 16, a “Agromilícia ataca retomada de Pyelito Kue e assassina Vicente Kaiowá e Guarani, deixando ainda quatro feridos”. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário, o ataque foi feito por pistoleiros, “assassinaram com um tiro na cabeça Vicente Fernandes Vilhalva Kaiowá e Guarani, de 36 anos”. Não foi o primeiro ataque na região, já que a luta por demarcação vem de anos: “Em nota, a Kuñangue Aty Guasu, a Grande Assembleia das Mulheres Guarani e Kaiowá, salienta que há 40 anos é aguardada a demarcação da TI […]” (CIMI). A Funai confirmou o ataque para a imprensa: “Funai atribui morte de indígena a pistoleiros e pede investigação rigorosa”. O território aguarda a canetada da demarcação há 12 anos, “A Cachoeira é uma das 44 propriedades sobrepostas à TI Iguatemipeguá I. A área de 41.714 hectares abarca os tekohas (“lugar onde se é”, em guarani”) Pyelito Kue e Mbaraka’y e foi delimitada pela Funai em 2013. Desde então, no entanto, o processo demarcatório está parado”. 

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Foi bom ver o Cacique Raoni Metuktire, no encerramento da Cúpula dos Povos, pedindo que a luta continue (Brasil de Fato), ou ele discursando na Aldeia COP, reforçando que é urgente criarmos “caminhos concretos para garantir que as futuras gerações possam seguir vivendo em harmonia com a natureza” (Mídia Ninja), ou que finalmente vimos falar de “Tecnologia Ancestral” (Mídia Ninja), porém marchas e atos são fundamentais para mostrar, não só para as lideranças do Brasil, mas para o mundo que a COP30 (assim como as anteriores) não resolveram as crises climáticas e que sem o conhecimento ancestral, as crises só vão aumentar. 

Essa segunda semana começou com a Marcha Global Indígena, as redes foram inundadas de vídeos da Marcha do dia 17 e do sábado, 15, que ficou com o nome de Marcha pelo Clima. No sábado, 70 mil pessoas foram às ruas de Belém mostrar a força amazônica (Agência Brasil). E a marcha de segunda foi organizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), “[…] reuniu organizações, lideranças e aliados para denunciar os impactos do extrativismo, a crise climática e as violações territoriais que seguem ameaçando povos indígenas em toda a Amazônia. O percurso saiu da Aldeia COP e seguiu até a Tv. Lomas Valentinas, no Bosque Rodrigues Alves, reunindo vozes de diferentes etnias em um ato de resistência e visibilidade durante a COP30”.

É essa organização, que os povos originários são imbatíveis há mais de 500 anos, que falta para toda a classe trabalhadora. Uma organização que se une, em meio a diversidade, por um bem em comum. Assim como o povo Munduruku que se organizou, barrou a entrada na COP e conseguiu uma reunião com as lideranças para falar que o “Rio Tapajós não é mercadoria, não se pode negociar. É vida, somos nós” (Alessanda Munduruku). Ou a organização pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) da cozinha solidária popular, que foi o caso da Cozinha da Cúpula dos Povos, um “manifesto de soberania agroecológica e que serviu 105 mil refeições ao longo do evento”. 

Se os povos originários já concordaram que é preciso acabar com a exploração de biocombustíveis, e aqui destaco a fala da Cacica Yuna Miriam Tembé: “Produção de biocombustíveis não é limpa e carrega sangue indígena, negro e ribeirinho” (Repórter Brasil), bem como acabar com a lógica capitalista que vive da exploração dos recursos da terra, dos rios e das nossas vidas, não tem mais como acreditar numa “Arte de viver como se houvesse amanhã”. A nossa organização e mobilização é para termos um futuro.

 

 

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Letícia Cristina
Letícia Cristina
Letícia Cristina é bibliotecária, empreendedora, costureira e amante dos cuidados capilares.

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