O interesse em praticar esportes para melhorar a qualidade de vida aumentou significativamente no Brasil. Segundo o IBGE, 39,4% da população brasileira pratica atividade física regularmente, o maior patamar da série histórica (dados de 2024). Com a chegada do verão e a expansão das atividades ao ar livre, cresce também a demanda por cuidados dermatológicos específicos para praticantes, consolidando a dermatologia do esporte como uma área em expansão.
A pele, maior órgão do corpo, é a primeira a mostrar os efeitos da atividade: atrito, suor, exposição solar e alterações hormonais podem provocar irritações, foliculite, micoses, assaduras e manchas.
A dermatologista Karla Assed, referência em dermatologia clínica e estética, explica que a proteção cutânea merece atenção de quem treina, pois treinos intensos e frequentes afetam a pele a longo prazo. Com a pele bem cuidada, o praticante costuma sentir mais confiança, ter melhor desempenho e menos desconforto.
Quais as queixas mais comuns e a rotina de quem treina?
Em esportes de endurance (corrida, triatlo), o atrito contínuo e a sudorese intensa favorecem irritações e assaduras. Atividades aquáticas podem provocar dermatites devido ao cloro, que altera a oleosidade natural da pele. Ciclistas costumam apresentar assaduras na região glútea, calos e manchas por exposição solar excessiva.
A especialista orienta que cada modalidade exige cuidados específicos: nadadores devem preservar a barreira cutânea; corredores, priorizar protetor solar e hidratação; ciclistas, usar roupas técnicas e cuidar da higiene. A prevenção é o principal caminho para evitar problemas cutâneos.
A médica ressalta que a pele de atletas, profissionais ou amadores, sofre mais variações de temperatura, umidade e atrito do que a de sedentários. Por isso, os cuidados devem ser diários e ajustados ao tipo de treino e ao fototipo de cada indivíduo.
E o calor?
O calor intensifica problemas cutâneos: contato com areia, cloro e roupas apertadas favorece micoses, dermatites e foliculite, e a exposição solar acelera o fotoenvelhecimento e o aparecimento de manchas.
Recomenda-se começar os cuidados antes do exercício: protetor solar resistente à água, roupas respiráveis com proteção UV e cremes preventivos para áreas de atrito. Ao término do treino, o ideal é fazer limpeza suave, tomar banho logo em seguida e aplicar hidratação leve para restabelecer a barreira cutânea.
O diferencial da dermatologia do esporte é a atuação integrada com outras especialidades. Endocrinologistas e psiquiatras, por exemplo, ajudam a equilibrar hormônios e a manejar questões emocionais que afetam a pele e o rendimento físico.
Segundo a especialista, é essencial ver o corpo como um sistema interligado: hormônios, sono, alimentação e estresse influenciam a pele e, consequentemente, a performance. O atendimento dermatológico ao esportista busca tratar o paciente de forma abrangente, unindo estética e saúde.
Para quem treina com intensidade, os protocolos podem incluir dermocosméticos específicos e tecnologias suaves, como lasers de baixa intensidade e bioestimuladores não invasivos, destinadas a regenerar a pele após o exercício e a manter a firmeza cutânea sem interromper a rotina esportiva.









