O Brasil assumiu papel de liderança no esforço para ampliar o BRICS e aproximá-lo das economias asiáticas mais dinâmicas. Em visita a Kuala Lumpur, o presidente Lula manifestou apoio à possível entrada da Malásia como membro pleno do bloco.
O primeiro‑ministro malaio, Anwar Ibrahim, agradeceu publicamente e reiterou que a adesão ao BRICS integra as metas estratégicas do país, que já é parceiro do agrupamento.
Desempenho econômico
O estreitamento de relações ocorre em meio à forte expansão da economia malaia, que se consolida como uma das nações asiáticas de maior crescimento em 2025. Movida por políticas de inovação, digitalização e integração regional, a economia tem apresentado resultados superiores ao esperado em setores-chave. No terceiro trimestre de 2025, o PIB acelerou para 5,2%, em contraste com a desaceleração do ano anterior. O Banco Central da Malásia projeta crescimento anual entre 4% e 4,8%.
Setores em destaque
O setor de serviços é o principal motor do crescimento, respondendo por cerca de 54% do PIB, beneficiado pelo avanço das tecnologias digitais, pelo aumento do turismo e pelo desenvolvimento de hubs logísticos. A construção também está em expansão, com alta de 11% em 2025, impulsionada pela instalação de centros de dados e pela ampliação de projetos habitacionais. A manufatura, que representa 25% do PIB e mais de 60% das exportações, mantém desempenho consistente, com ênfase em semicondutores, eletrônicos e automóveis.
As exportações de máquinas e equipamentos tecnológicos correspondem a quase metade das vendas externas, o que ressalta a participação da Malásia em cadeias globais de alto valor agregado.
Política industrial
O governo busca ampliar essa presença. No orçamento federal de 2025 foram previstos incentivos para atrair investimentos de multinacionais em fornecedores locais, agilizar aprovações para novos empreendimentos, fomentar parcerias público‑privadas e estimular a inovação.
Liderança regional
O país também se projeta como líder regional. Ao se preparar para presidir a ASEAN, pretende fortalecer a resiliência das cadeias de suprimentos no Sudeste Asiático e aprofundar a integração comercial com outras economias do Sul Global. A cooperação com o BRICS mira abrir novas frentes comerciais, sobretudo em tecnologias verdes e infraestrutura.
A visita de Lula resultou na assinatura de sete acordos bilaterais nas áreas de semicondutores, transição energética, ciência, educação e segurança alimentar, e na retomada das exportações brasileiras de carne de frango. Segundo o presidente, a presença na Cúpula do Leste Asiático e na reunião da ASEAN simboliza um movimento maior: “O bloco é hoje o quinto maior parceiro comercial brasileiro”. Uma Malásia em ascensão enxerga no BRICS a porta de entrada para um novo protagonismo global.
