Um grave surto de infecção generalizada atingiu 26 profissionais de saúde no Hospital Santa Rita de Cássia, em Vitória, causando apreensão e mobilização do setor. O episódio, que teve início há cerca de uma semana, permanece sem origem definida, enquanto relatos internos apontam falhas nos protocolos de contenção e falta de informações transparentes.
Entre os profissionais afetados estão médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, além de colaboradores dos setores de manutenção e administrativo. O clima é descrito como de tensão e medo, reflexo do impacto direto sobre a equipe capixaba. Apenas no último dia 23, quatro novos casos foram notificados, elevando o número de internados e agravando o cenário.
As primeiras suspeitas concentram-se no setor E, dedicado ao atendimento de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Após uma evacuação parcial, alguns pacientes chegaram a ser realocados para o mesmo espaço onde houve maior incidência de contaminações, evidenciando desafios no controle da transmissão.
A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) ainda não emitiu uma nota oficial detalhando a natureza do agente infeccioso, seja ele viral ou bacteriano. Amostras de sangue e urina de profissionais internados foram enviadas para análise em laboratório especializado de São Paulo, visto que o exame necessário não é disponível atualmente no Espírito Santo. O Laboratório Central do Estado (Lacen/ES) também foi acionado para auxiliar no processo investigativo.
Preocupações sobre as medidas adotadas pela gestão hospitalar incluem o uso restrito de máscaras N95 apenas para casos de isolamento respiratório, em desacordo com recomendações técnicas para situações de surto. Máscaras cirúrgicas têm sido distribuídas de forma ampla, e não há leitos de isolamento suficientes para a demanda atual.
Pacientes infectados estão sendo mantidos em áreas comuns, aumentando o risco para grupos vulneráveis, como os em tratamento oncológico ou de hemodiálise. Bebedouros foram lacrados e cada funcionário passou a receber garrafas individuais de água mineral como precaução.
Segundo protocolos nacionais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ebserh e da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), suspeitas de infecção relacionadas à assistência à saúde devem ser imediatamente comunicadas à Vigilância Sanitária e à coordenação estadual de controle de infecção, medida que, segundo relatos internos, teria apresentado falhas no caso em questão.
O Hospital Santa Rita de Cássia é referência em alta complexidade na Grande Vitória, atendendo tanto pelo setor público quanto privado. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), por meio de nota, afirmou que foi notificada do surto e iniciou investigação sobre possível evento de intoxicação ou contaminação ambiental.
Até o momento, não há evidência de transmissão interpessoal, e o evento parece restrito ao grupo inicialmente acometido. Equipes de Vigilância em Saúde realizam coletas, análises laboratoriais e inspeções ambientais para esclarecer as causas e garantir a segurança de todos os envolvidos.
Resumo do cenário atual:
- Profissionais infectados e internados: 26, incluindo médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, funcionários da manutenção e setor administrativo.
- Início dos casos: aproximadamente uma semana.
- Setor mais afetado: Setor E, destinado ao atendimento do SUS.
- Medidas adotadas: Isolamento parcial, uso de máscaras cirúrgicas, fornecimento de água mineral individual, bebedouros lacrados.
- Exames laboratoriais: Amostras enviadas para laboratório em São Paulo; resultados iniciais inconclusivos quanto ao agente causador (vírus ou bactéria).
- Recomendações: Atenção redobrada para pacientes e visitantes do hospital nos últimos 14 dias. Sintomas como febre alta, tosse intensa, dificuldade respiratória, confusão mental ou sinais de sepse exigem busca imediata por atendimento médico e relato da exposição.
- Notificação de falhas: Profissionais que identificarem ausência de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), quebra de isolamento ou circulação de pacientes infectados em áreas comuns devem comunicar prontamente à CCIH e Vigilância Sanitária.
Especialistas e trabalhadores capixabas do setor de saúde cobram respostas rápidas das autoridades e reforço nas políticas públicas, visando proteger a equipe e pacientes, além de evitar novos agravamentos. O episódio ressalta a importância dos programas de prevenção e do fortalecimento dos protocolos de segurança hospitalar, fundamentais para preservar a saúde e bem-estar da população do Espírito Santo.









