5 de dezembro de 2025
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Fotos, Conexões, Rolês e Olhares

“Xis!” (hahaha) quem nunca ouviu essa frase e automaticamente endireitou a postura, forçou um sorriso, colocou a lingua para fora e fez o joinha? Pois é, a fotografia sempre foi essa mistura de vaidade, arte e tentativa desesperada de parecer natural. Mas entre um “faz outra, que essa ficou boa, mas vai que melhora” e um “me marca quando postar”, há algo muito mais profundo acontecendo: a fotografia é, sem querer querendo, um Filtro (trocadilho intencional) da nossa sociedade.

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Desde os tempos em que posar pra uma foto era coisa de elite (e o pobre, se quisesse aparecer, tinha que ficar imóvel igual estátua de praça pra não borrar o retrato), a fotografia já mostrava quem tinha poder e quem ficava de fora do enquadramento. Mas, como o bom humor também é um foco certeiro, a história deu um zoom-out: hoje, com um celular na mão, qualquer um pode ser fotógrafo, artista e, claro, influencer de si mesmo. *Click*

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E é aí que entra o projeto Conexão de Olhares, do produtor cultural e artista visual Bryan Sunderhus Freitas, do grupo Foto de Rolê BR. Eles resolveram inverter o clichê da selfie e transformar o celular, esse companheiro inseparável de bolso, numa ferramenta de reflexão, arte e empoderamento social.

No projeto, não precisa de câmera profissional pra fazer boas fotos, só de um olhar afiado e vontade de explorar a cidade com outros olhos, que promove oficinas gratuitas de fotografia e vídeo com celular. A ideia é simples, mas poderosa: ensinar jovens da Grande Vitória a enxergar a própria cidade com mais sensibilidade, humor e consciência. Porque, convenhamos, ver todo mundo tirando foto da mesma escadaria já virou esporte local. Mas fotografar o que ninguém vê naquela escadaria, como um encontro de gerações, a história que ela guarda, o cachorro que dorme ali todo dia, isso é arte. *Click*

O Conexão de Olhares está ensinando que a fotografia pode ser uma ferramenta de transformação social. E não estamos falando de “antes e depois do Photoshop”, mas de antes e depois de entender o mundo à sua volta. O projeto é um verdadeiro rolê cultural: são 16 encontros presenciais, sempre nos fins de semana, que misturam teoria, prática e uma boa dose de criatividade. Tudo isso graças à Lei Paulo Gustavo, com apoio da Secult-ES, Funcultura, MinC e Governo Federal.

Mas o que realmente impressiona não é só a parte técnica: é o impacto humano. Bryan conta que uma das participantes, Ayla Siqueira do Nascimento, virou praticamente embaixadora do projeto: acompanhou encontros em várias cidades, sempre com o celular na mão e o olhar cada vez mais sensível. Ela não só aprendeu a fotografar, aprendeu a olhar. E isso, meus caros, nem a melhor lente consegue ensinar.

Quando perguntamos sobre os resultados do projeto, Bryan é direto: “Temos conseguido levar formação, cultura e trocas significativas pra várias comunidades. Muitos participantes passaram a enxergar o próprio território com um novo olhar, produzindo registros e reflexões sobre o lugar onde vivem.”

Ou seja, o projeto não tá só ensinando fotografia, tá reeducando o olhar coletivo. E convenhamos, num tempo em que todo mundo tá viciado em se olhar no espelho (ou fazer selfies), isso é quase um ato revolucionário. E o humor, claro, também tem vez. Porque fotografar a realidade sem perder o bom humor é um talento digno de capa de revista. A boa fotografia social, afinal, não precisa ser sisuda pra ser crítica, às vezes, um clique divertido é o que mais faz pensar. Quem nunca riu de uma foto que deu errado e acabou virando a melhor da galeria (ou guardou para postar no dia do aniversário do melhor amigo?) O cachorro que entrou no meio da pose, o amigo que piscou no flash, a tradicional foto pisando na terceira ponte, esses acasos são a prova de que o mundo real tem mais timing cômico que muito roteirista de stand-up.

E é justamente nesse equilíbrio entre humor e crítica que mora a beleza do Conexão de Olhares: rir, refletir e, claro, clicar. Tudo isso em harmonia e união de um grupo de pessoas. O projeto mostra que, em tempos de excesso de imagem, fotografar o essencial virou um ato de resistência. É sobre enxergar e não apenas ver. É sobre registrar o que é verdadeiro, o que não cabe nos stories, o que não tem filtro.

Então, da próxima vez que você ouvir um “Xis”, pense bem: talvez ele esteja te convidando a olhar o mundo com outros olhos. E se a foto sair tremida, é conceitual.

SERVIÇO:[email protected]
@fotoderolebr

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Daniel Bones
Daniel Bones
Sou o "Severino do Audiovisual Capixaba", já atuei em diversas áreas como fotografia, edição, sou ator, compositor, produtor e diretor de filmes e TV. Gosto de contar histórias. Ponto Final. (...) Aqui, minha coluna é cultural, mas vive com uma dor postural. Eventos, Arte, Cultura, Cinema e Teatro são comigo aqui! Se quiser, siga essa doideira ai!

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