Psicanalista explica como identificar os sinais da produtividade tóxica e adotar técnicas de reprogramação mental
A aproximação do fim do ano intensifica uma tensão silenciosa que percorre escritórios, startups e home offices: a ansiedade ligada à performance. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso das Américas e ocupa o segundo lugar no mundo em casos de burnout, síndrome relacionada ao esgotamento profissional. Esse panorama revela uma cultura de cobrança contínua em que a produtividade passa a ser medida do próprio valor, e a busca por resultados pode virar autossabotagem.
Elainne Ourives, psicanalista e especialista em reprogramação mental, aponta que a lógica de desempenho ininterrupto tornou-se o principal fator de desequilíbrio emocional no ambiente de trabalho. Ela observa que as pessoas ficam em estado de alerta permanente, o que coloca o cérebro em modo de sobrevivência e reduz a capacidade de raciocinar, de se colocar no lugar do outro e de manter o foco. Esse quadro é descrito por ela como uma mente hipervigilante, sempre pronta para reagir e raramente para criar.
Os números reforçam a dimensão do problema. Pesquisa do Datafolha em parceria com o Instituto Cactus (2024) indica que 72% dos brasileiros se sentem emocionalmente sobrecarregados e 63% apresentam sintomas de ansiedade diretamente relacionados ao trabalho. Um estudo da Harvard Business Review revelou que 59% dos profissionais em posições de liderança relataram aumento da exaustão emocional no último ano, mostrando que até quem ocupa cargos de comando não fica imune à produtividade tóxica.
Elainne observa que a cobrança por alta performance costuma assumir a aparência de virtude. O excesso de produtividade recebe validação social: ser elogiado por estar sempre disponível, por responder rapidamente e por entregar além do esperado. Internamente, contudo, a pessoa pode estar em colapso; quando o descanso provoca culpa, é sinal de que os limites foram ultrapassados.
Entre os sinais de alerta mais frequentes estão a dificuldade para dormir mesmo após o expediente, a irritabilidade acompanhada da sensação constante de estar atrasado, a perda de prazer em atividades que antes motivavam, dores musculares, cansaço persistente, lapsos de memória e a busca contínua por aprovação. Segundo a especialista, esses sintomas funcionam como um alarme corporal, indicando que a mente entrou em exaustão. O burnout surge não de um episódio isolado, mas do acúmulo silencioso de pequenas renúncias pessoais.
Quando a pressão por alta performance vem da liderança, o impacto emocional tende a ser mais profundo. O problema aparece quando a cobrança por excelência se transforma em medo de falhar: muitos líderes ainda acreditam que pressão gera resultado, mas o efeito real costuma ser a paralisia. Sob a sensação de ameaça, o cérebro ativa o modo de sobrevivência e perde a capacidade de criar, decidir e inovar. Reconhecer essa diferença é, segundo a psicanalista, o primeiro passo para preservar a saúde mental e prevenir o esgotamento.
A especialista indica quatro práticas centrais de seu método de reprogramação mental quântica que auxiliam na redução da ansiedade e na restauração do foco:
Técnicas de reprogramação mental
Respiração consciente: prática destinada a desacelerar os ritmos cerebrais e restabelecer a coerência entre corpo e mente.
Ressignificação de crenças: processo de identificar e substituir pensamentos automáticos associados à culpa, ao medo e ao perfeccionismo.
Reprogramação vibracional: utilização de frequências sonoras e afirmações positivas para neutralizar padrões de escassez e cobrança.
Mentalização guiada: visualização intencional de resultados saudáveis, sem sofrimento nem autocobrança.
A recomendação é que os profissionais compreendam que o sucesso sustentável não prospera em um ambiente de medo: a verdadeira performance emerge do equilíbrio entre entrega e autocuidado. Quanto mais alinhada estiver a vibração emocional, maior será a capacidade de agir com foco e autenticidade.
Elainne defende que o encerramento de 2025 seja entendido como um momento de reavaliação emocional, e não apenas como o fechamento de metas e entregas. Finalizar o ano sem adoecer representa um gesto de inteligência emocional. Para 2026, a proposta é redefinir sucesso: não se trata de produzir mais, mas de produzir com presença. Uma mente treinada para o equilíbrio tende a gerar trabalho com maior clareza, criatividade e prazer.







