Pais e profissionais da educação devem manter atenção aos indícios e promover um ambiente escolar seguro e inclusivo.
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Redação EdiCase / Portal EdiCase
Bullying refere-se a atos agressivos e repetidos com a intenção de intimidar, humilhar ou causar sofrimento a outra pessoa. Essas condutas podem ocorrer por meio de violência física, ofensas verbais, exclusão social ou humilhações no ambiente virtual. No contexto escolar, trata-se de um problema sério que compromete o bem-estar emocional e o rendimento dos estudantes.
Uma pesquisa recente do DataSenado, no Brasil, apontou que cerca de 6,7 milhões de estudantes — o equivalente a 11% dos quase 60 milhões de matriculados — sofreram algum tipo de violência escolar nos últimos 12 meses. Quando considerados apenas os casos classificados como bullying, o percentual sobe para 33%, atingindo aproximadamente 20 milhões de alunos.
A Dra. Mariana Ramos, professora de psicologia do Afya Centro Universitário Itaperuna, ressalta que identificar precocemente esse tipo de violência é essencial para reduzir seus efeitos, e que pais e educadores devem cultivar um clima de confiança no qual a criança se sinta segura para relatar suas experiências.
Tipos de bullying
O bullying manifesta-se de formas variadas, e reconhecer essas diferenças é fundamental para enfrentá‑lo de maneira eficaz.
- Bullying físico: envolve agressões corporais diretas, como empurrões, socos, tapas ou dano aos pertences da vítima.
- Bullying verbal: inclui insultos, apelidos depreciativos, ameaças e humilhações em público.
- Bullying psicológico ou emocional: busca abalar a autoestima por meio de manipulação, chantagem, exclusão social ou perseguição contínua.
- Ciberbullying: recorre às tecnologias digitais para disseminar boatos, criar perfis falsos, enviar mensagens ofensivas ou divulgar fotos íntimas sem consentimento.
- Bullying sexual: abrange comentários, gestos ou toques de natureza sexual, assim como difamações relacionadas à orientação sexual da vítima.
- Bullying social: consiste na exclusão deliberada da pessoa de grupos, atividades ou interações, com o objetivo de isolar e marginalizar.
Sinais de que a criança é vítima de bullying na escola
É importante observar alterações no comportamento e no estado emocional de crianças e adolescentes. Os sinais de que uma criança pode estar sendo vítima de bullying variam, mas frequentemente incluem:
- Mudanças súbitas de comportamento, como isolamento, irritabilidade, agressividade, medo de ir à escola ou queda no desempenho escolar.
- Sintomas físicos sem causa aparente, como dores de cabeça, dores abdominais, náuseas ou insônia.
- Alterações no sono e no apetite, incluindo pesadelos, perda de apetite ou comer em excesso.
- Ansiedade antecipatória, manifestada por chorar antes das aulas ou relutar em sair de casa.
- Evitar redes sociais ou demonstrar angústia após o uso do celular.
- Comportamentos autodestrutivos, como automutilação, falar sobre morte ou apresentar sinais de depressão.
Como agir em casos de bullying
A Dra. Mariana Ramos recomenda que, ao surgir a suspeita de bullying, seja buscado apoio profissional e estabelecido diálogo com a escola para construir soluções conjuntas. A intervenção precoce é imprescindível para preservar o bem-estar e o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes.
É importante oferecer acolhimento sem julgamentos, com escuta e segurança emocional. Deve-se evitar minimizar o sofrimento com expressões como “isso é bobagem” ou “você precisa ser mais forte”; a criança precisa sentir-se ouvida e protegida.
A psicóloga também enfatiza a necessidade de comunicar a escola, registrar o ocorrido e solicitar acompanhamento psicológico tanto para a vítima quanto para os envolvidos, lembrando que o agressor frequentemente também necessita de apoio, pois pode ter sido vítima em outro contexto.
Escolas contra o bullying
A implementação de programas preventivos — como palestras, rodas de conversa, oficinas e campanhas de conscientização — é essencial para reduzir os casos de bullying nas escolas. Essas iniciativas promovem o respeito às diferenças, a empatia e o desenvolvimento de competências socioemocionais, contribuindo para um ambiente escolar mais acolhedor.
Treinamentos contínuos para professores e funcionários ajudam na identificação e no manejo adequado das situações, enquanto espaços de escuta psicológica e grupos de apoio oferecem suporte aos alunos. A integração entre família e escola é fundamental para um cuidado compartilhado, assim como projetos de educação socioemocional que incentivem a autorregulação e a resolução pacífica de conflitos.
Por Beatriz Felicio








