5 de dezembro de 2025
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Recorde de mecanização transforma a colheita de café conilon no Espírito Santo

A produção de café conilon no Espírito Santo tem passado por intensa modernização, especialmente a partir de 2018 e 2019, quando testes e ajustes de equipamentos específicos para essa cultura começaram a ser registrados. Entre 2023 e 2024, essa transformação se firmou, com o surgimento de colhedoras mais avançadas e o refinamento das práticas agrícolas. Já em 2025, o setor atingiu seu auge, consolidando a mecanização da colheita na região.

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Um dos principais motores dessa mudança é a crescente dificuldade em encontrar trabalhadores rurais. A mecanização deixou de ser apenas uma opção e passou a ser uma resposta essencial para elevar a produtividade, reduzir custos e aumentar a eficiência. Agricultores, sobretudo os maiores, têm aderido cada vez mais à tecnologia, vendo nela um caminho para garantir a viabilidade e o destaque do cultivo de café no estado.

Máquinas agrícolas impulsionam eficiência

As vantagens são evidentes: uma colheitadeira substitui o esforço de mais de oitenta pessoas em um único dia, encurtando prazos e diminuindo gastos. Os equipamentos ficam cada vez mais sofisticados, com avanços tecnológicos acelerados por investimentos em pesquisas específicas para o conilon.

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Durante a safra de 2025, finalizada em agosto, o uso de máquinas agrícolas foi marcante no Espírito Santo. Clério Rampinelli, cafeicultor de Rio Bananal, é um dos que adotaram essa inovação.

“Iniciamos no campo ainda jovens, por paixão. Nosso pai fazia tudo manualmente. Ao conhecer melhor a mecanização, decidimos investir nas primeiras máquinas, e isso revolucionou nosso trabalho. Atualmente, conseguimos operar com muito mais rapidez e precisão”, relata Clério.

Ele ressalta que a tecnologia é fundamental para despertar o interesse dos jovens pela agricultura.

“Sem mecanização e inovação, o agronegócio enfrentaria sérias dificuldades. Essas ferramentas criam oportunidades para nossos filhos, atraídos por áreas como agronomia, pilotagem de drones e tecnologia. Isso torna o campo mais interessante e viável.”

Dados do Incaper revelam que o estado conta com 49 mil propriedades dedicadas ao conilon, responsáveis por 76% das exportações brasileiras dessa variedade. Em 2024, o Espírito Santo vendeu para o exterior 7 milhões de sacas, movimentando mais de US$ 1,4 bilhão, conforme informações do Centro do Comércio de Café de Vitória. Muitos desses produtores já utilizam máquinas em suas lavouras.

Para Rafael Venturini, gerente comercial da PME Máquinas, os números refletem um progresso notável. “Em 2023, houve crescimento de 26% na adoção de máquinas. Em 2024, o índice subiu para 44%. E em 2025, batemos o recorde: 142%. Os agricultores estão investindo porque os resultados são positivos. Quem não se adapta acaba ficando para trás”.

PME Máquinas, parte do grupo Pianna, tem participado ativamente desse avanço, oferecendo soluções que auxiliam os produtores a lidar com a falta de trabalhadores e a otimizar a colheita.

“Atuamos com dois parceiros estratégicos: a colheitadeira semi-mecanizada da Miac, das Indústrias Colombo, que diminui em 40% a necessidade de mão de obra, e a automotriz da Jacto, que pode reduzir até 80%”, detalha Venturini. “Também contamos com a varredora, usada para coletar grãos que caem no solo. É um equipamento adicional importante, já que o período de colheita é limitado e as condições climáticas podem interferir.” O executivo se refere ao sistema de limpeza pós-colheita.

Clério Rampinelli comprova os benefícios: “Atualmente, as máquinas cortam cerca de 70% dos custos com trabalhadores. Economizamos com alojamento, materiais e contratações. Além disso, ganhamos em controle e organização. A falta de mão de obra afeta não apenas o Espírito Santo, mas também estados vizinhos, e a mecanização é a alternativa.”

A tecnologia também impacta positivamente a qualidade do café. Com menor intervalo entre colheita e processamento, os grãos chegam mais padronizados às torrefações, aumentando seu valor comercial.

Edney Leandro da Vitória, professor e coordenador do curso de Agronomia da UFES, esclarece que o processo de mecanização do conilon passou por décadas de evolução.

“Os primeiros testes ocorreram no final dos anos 1970. Na década de 1980, tentaram ajustar máquinas projetadas para o arábica, mas o conilon tem características próprias. Cada variedade exige uma intensidade diferente para a retirada dos frutos, o que dificultava a operação. Nos últimos cinco anos, os estudos avançaram, e os equipamentos atuais são muito mais eficientes.”

Para o docente, a mecanização é irreversível. “Ela reduz custos, diminui a dependência de trabalhadores e aprimora a qualidade do produto final. A escassez de mão de obra é um fato, e automatizar se tornou indispensável. No futuro, essas técnicas tendem a ser ainda mais sustentáveis.”

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