A China anunciou nesta terça-feira (14) a imposição de sanções a cinco subsidiárias norte-americanas da sul-coreana Hanwha Ocean, ampliando o confronto comercial com os Estados Unidos e provocando nova onda de aversão ao risco nos mercados globais.
O Ministério do Comércio da China afirmou que as empresas “apoiaram atividades investigativas do governo dos EUA que ameaçam a soberania e os interesses de desenvolvimento da China”. As penalidades atingem Hanwha Shipping LLC, Hanwha Philly Shipyard Inc., Hanwha Ocean USA International LLC, Hanwha Shipping Holdings LLC e HS USA Holdings Corp.
As ações da Hanwha Ocean chegaram a cair até 8% na Bolsa de Seul, enquanto papéis de estaleiros chineses avançaram. Pequim também indicou a possibilidade de novas contramedidas em resposta à investigação do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) sobre o setor naval chinês.
As medidas somam-se a uma sequência recente de retaliações entre as duas maiores economias do mundo. Nos últimos dias, a China endureceu controles sobre a exportação de terras raras e minerais críticos, enquanto os EUA intensificaram barreiras tecnológicas e ameaçaram aplicar tarifas de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro.
Em entrevista ao Financial Times, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, declarou que as ações de Pequim revelam vulnerabilidades econômicas.
“Este é um sinal de como a economia deles está fraca, e eles querem derrubar todo mundo junto”, disse Bessent.
Segundo ele, a China estaria tentando “exportar sua recessão” por meio de restrições ao fornecimento de insumos industriais essenciais.
Reportagens da Bloomberg e do Financial Times indicam que autoridades americanas estudam contramedidas adicionais, como exigir licenças de exportação para softwares críticos destinados ao mercado chinês, o que poderia afetar vários segmentos do setor de tecnologia.
A ofensiva provocou queda nos futuros: Dow Jones (-0,50%), S&P 500 (-0,80%) e Nasdaq (-1,06%); ao mesmo tempo, impulsionou fortemente as ações de mineradoras de terras raras.
Esses papéis já vinham registrando ganhos na segunda-feira e ampliaram a alta no pré-mercado desta terça, com investidores buscando proteção em empresas ocidentais expostas à cadeia de minerais críticos — hoje dominada pela China, responsável por cerca de 70% da produção mundial e 90% do refino desses materiais.
Tensão pré-encontro
Analistas observam que a disputa tende a se intensificar até o encontro entre Donald Trump e Xi Jinping, previsto para o fim de outubro durante a cúpula da APEC, na Coreia do Sul.
O JPMorgan estima que o recente aumento da volatilidade pode provocar vendas automáticas de até US$ 30 bilhões em ações nos próximos dias, à medida que carteiras que seguem metas de volatilidade reduzam sua alavancagem.
Para o Goldman Sachs, as sanções reforçam a percepção de que a rivalidade entre EUA e China é estrutural, centrada no controle de cadeias tecnológicas e de minerais estratégicos.








