Compreenda os efeitos das bebidas alcoólicas no bem-estar emocional e nas relações interpessoais
O aumento recente de casos de intoxicação por bebidas adulteradas com metanol no país reacende a discussão sobre o papel central do álcool na vida social dos brasileiros. Em diversas situações, o ato de beber chega a se transformar em condição essencial para interações sociais: algumas pessoas evitam eventos sem a presença de álcool, enquanto outras têm dificuldade de se integrar em grupos quando não consomem.
Segundo a psicóloga Laís Mutuberria, especialista em saúde mental e neurociência comportamental, muitos indivíduos optam por beber mesmo sabendo dos riscos. “Isso mostra o quanto o consumo está profundamente ligado às nossas formas de convívio e entretenimento”, explica Laís Mutuberria.
Dados do Vigitel 2023, estudo do Ministério da Saúde, confirmam essa tendência preocupante. O levantamento indica que o consumo excessivo de álcool nas capitais aumentou de 18,4% em 2021 para 20,8% em 2023. No mesmo período, o índice entre mulheres subiu de 12,7% para 15,2%.
Álcool como mecanismo para lidar com desafios
Para Laís Mutuberria, o caso do metanol deveria servir como alerta sobre a forma como nos relacionamos com bebidas alcoólicas. “Muitas pessoas têm dificuldade para expressar espontaneidade ou criar vínculos e usam o álcool como apoio para contornar questões emocionais”, observa.
Ela sugere que esse seja um momento propício à reflexão. “Qual é o real propósito do álcool no cotidiano? É possível se divertir, relaxar ou interagir socialmente sem depender da bebida?”, questiona.
A psicóloga ressalta ainda que o uso constante de álcool pode mascarar um processo de declínio emocional. “Será que a substância está servindo apenas para aliviar questões não resolvidas? Por que ela se tornou tão importante nos relacionamentos e na rotina?”, indaga.
Consequências sociais do uso de álcool
Os efeitos do consumo de bebidas alcoólicas vão além do impacto individual e chegam a influenciar gerações futuras. “Que exemplos estamos passando para os jovens? Temos noção das repercussões disso na saúde coletiva e nos laços sociais?”, questiona a especialista.
Laís Mutuberria ressalta a necessidade de reavaliar padrões culturais. “É essencial buscar alternativas para celebrar e conviver sem álcool. Há mais pessoas com dependência do que se imagina; observar essa dinâmica com atenção é crucial”, conclui.








