O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, retornou de Washington assegurando que as Forças de Defesa de Israel permanecerão na maior parte da Faixa de Gaza, mesmo depois de ter concordado na Casa Branca com o plano de paz apresentado por Donald Trump.
“De jeito nenhum, isso não vai acontecer”, disse Netanyahu ao descartar a hipótese de retirada total das tropas. A declaração, divulgada em vídeo aos israelenses, evidenciou a pressão da extrema direita sobre o premiê e suscitou críticas de aliados na própria coalizão.
Apresentação do acordo
Na segunda-feira (29), Trump e Netanyahu tornaram público o acordo em coletiva em Washington.
O documento, composto por 20 pontos, prevê um cessar-fogo imediato, a libertação de todos os reféns israelenses em até 72 horas e a soltura de cerca de 2 mil prisioneiros palestinos.
O texto também prevê anistia para membros do Hamas que depuserem as armas, a destruição de túneis e de instalações de produção de armamentos, e a formação de um governo de transição palestino sob supervisão internacional, cuja presidência caberia a um conselho liderado por Trump.
Posicionamento de Netanyahu após o retorno
Horas depois, já em Israel, Netanyahu disse em hebraico que não aceitará a criação de um Estado palestino e que a retirada das tropas não será realizada. Acrescentou que, se o Hamas rejeitar a proposta, Israel terá o respaldo de Washington para “eliminá-los”.
A mudança de tom foi percebida como um recado à base radical, que condena a negociação.
O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, classificou o plano como “retumbante fracasso diplomático” e afirmou que “terminará em lágrimas”. Ele e o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, já haviam ameaçado derrubar o governo caso a guerra fosse interrompida sem a derrota total do Hamas.
Setores radicais também rejeitam a presença de forças internacionais de estabilização em Gaza e quaisquer funções futuras para a Autoridade Palestina.
Negociações e prazos
Para evitar uma crise imediata, Netanyahu acertou com Trump que apenas a troca de reféns por prisioneiros seria submetida a votação no gabinete de segurança, e não o plano em sua totalidade.
O Hamas afirmou que estudará a proposta “com objetividade e positividade” após recebê-la por meio de mediadores do Egito e do Catar. Trump declarou que o grupo tem até três dias para responder e advertiu que, em caso de recusa, “será um fim muito triste”.
Apesar da reação adversa interna, países árabes e ocidentais apressaram-se a apoiar a iniciativa: a Autoridade Palestina, França, Reino Unido, Arábia Saudita, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Egito e Catar manifestaram apoio ao cessar-fogo.
O líder da oposição israelense, Yair Lapid, também endossou o acordo, mas alertou para “buracos” que poderiam permitir a retomada dos combates.








