MEC homologa novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de medicina
O Ministério da Educação (MEC) oficializou o parecer das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) atualizadas para a graduação em medicina, aprovadas por unanimidade pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) em agosto de 2025. O documento decorre de um extenso processo de escuta e participação social, com contribuições de universidades, entidades médicas, gestores da saúde e representantes da sociedade civil.
O ministro da Educação, Camilo Santana, destacou a necessidade da revisão para acompanhar as mudanças sociais: “Esse é mais um passo importante para garantir a qualidade da formação em medicina. As diretrizes olham para a saúde mental, a tecnologia e as questões de inclusão, com base na realidade que estamos vivendo”, afirmou.
Integração com o SUS e trajetória formativa
As novas DCNs enfatizam a conexão com o Sistema Único de Saúde (SUS) como pilar da formação médica, garantindo que os estudantes tenham experiências práticas em atenção primária desde os períodos iniciais, com progressão gradual para áreas de maior complexidade, como medicina intensiva e traumato-ortopedia. Esse itinerário formativo assegura que o futuro profissional desenvolva competências ao longo de todo o continuum da atenção em saúde, da prevenção à reabilitação.
“Não tenho dúvida de que estamos dando um grande salto com essas novas diretrizes curriculares, um avanço que se soma aos esforços liderados pelo Ministério da Educação na formação dos profissionais do nosso sistema de saúde”, ressaltou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Estrutura, avaliação e inovação pedagógica
No que se refere à infraestrutura, as DCNs definem requisitos claros para os cursos de medicina, incluindo laboratórios de habilidades e de simulação clínica, práticas de integração ensino-serviço-comunidade e programas contínuos de capacitação docente. Na avaliação, a principal novidade é a aplicação de uma prova nacional abrangente ao final do 4º ano, antes do internato, visando uniformizar competências e possibilitar correções antecipadas no percurso formativo.
Outro aspecto de relevo é o fortalecimento das políticas de diversidade e inclusão, com a exigência de ações institucionais que promovam o sentimento de pertencimento e o suporte aos estudantes, contemplando dimensões étnico-raciais, socioeconômicas, culturais, de gênero e de orientação sexual. Também passou a ser obrigatória a existência de núcleos de apoio psicossocial e de programas estruturados de mentoria e de promoção da saúde mental.
As DCNs ampliam o compromisso com populações historicamente desatendidas, como povos indígenas, comunidades quilombolas, migrantes, pessoas LGBTQIAPN+, indivíduos privados de liberdade e quem vive em situação de vulnerabilidade.
Além disso, o currículo foi atualizado para enfrentar os desafios do século XXI, incorporando temas como inteligência artificial, análise de grandes volumes de dados, mudanças climáticas e práticas de sustentabilidade.
Contexto: As atuais DCNs para medicina resultaram de um processo iniciado em 2023, conduzido pelo CNE, que envolveu consultas públicas, audiências e encontros com universidades, entidades médicas, gestores da saúde, estudantes e representantes da sociedade civil. A revisão tornou-se necessária diante da defasagem de quase uma década da resolução anterior, das transformações tecnológicas e sociais e da necessidade de alinhar a formação médica às demandas contemporâneas do sistema de saúde brasileiro. O trabalho culminou em um documento aprovado por unanimidade em agosto de 2025, que reforça a integração com o SUS, promove a inclusão e moderniza o currículo para os desafios atuais.







