Recentemente, o skincare caseiro tornou-se popular nas redes sociais, com tutoriais que prometem uma pele mais luminosa usando ingredientes comuns da cozinha. Especialistas, porém, alertam que o que parece inofensivo pode causar danos sérios e duradouros à pele.
“Nem todo natural é sinônimo de segurança”, adverte a dermatologista Lidia Machado, da Clínica Juliana Piquet, no Rio de Janeiro. “Diversas receitas caseiras podem provocar alergias, queimaduras ou até manchas permanentes. Cosméticos industrializados passam por testes rigorosos de segurança e eficácia, algo que não ocorre com fórmulas encontradas na internet.” Segundo a médica, componentes aparentemente inofensivos podem desencadear reações adversas, sobretudo quando aplicados sem levar em conta o tipo de pele e sua sensibilidade.
Ainda assim, há alternativas que, com orientação adequada, podem ser incorporadas de forma segura a uma rotina de cuidados mais natural. “Determinados ingredientes simples trazem benefícios quando usados com cautela”, diz Lidia. “A aveia tem efeito calmante; o mel integral ajuda na hidratação e tem discreta ação antibacteriana; compressas frias de camomila aliviam pequenas irritações; e óleos vegetais puros, como jojoba ou semente de uva, são úteis para hidratar.”
Apesar de serem considerados seguros para grande parte das pessoas, esses ingredientes exigem cuidado. Testes de sensibilidade na pele são recomendados antes do uso, e é fundamental evitar misturas improvisadas ou preparos que envolvam aquecimento, fermentação ou exposição ao sol.
Por outro lado, há uma longa lista de substâncias que nunca devem ser aplicadas na pele — muitas aparecem em vídeos virais. “Há itens que não são indicados”, afirma Lidia: limão e outras frutas cítricas podem provocar queimaduras severas e manchas quando expostos ao sol; bicarbonato de sódio altera o pH e prejudica a barreira cutânea; vinagre pode causar queimaduras químicas; pasta de dente irrita e desencadeia dermatite; e clara de ovo crua, além de pouco eficiente, traz risco de contaminação por bactérias.
Mesmo que pareçam inofensivos, o uso contínuo ou ocasional desses ingredientes em peles mais sensíveis pode deixar sequelas difíceis de reverter. Queimaduras, manchas persistentes, cicatrizes e alergias duradouras são exemplos de danos cujo tratamento costuma ser mais longo e oneroso do que a prevenção com orientação adequada.
Para quem prefere evitar cosméticos industrializados ou busca uma rotina mais econômica, existem opções seguras. “O básico já melhora bastante o aspecto da pele: um sabonete suave, um hidratante simples (ou óleos vegetais puros prensados a frio) e, acima de tudo, protetor solar”, recomenda a dermatologista. “Hoje em dia há cosméticos orgânicos e veganos certificados, que oferecem ativos de origem natural com segurança atestada.”
O segredo é manter uma rotina enxuta, contínua e adequada ao tipo de pele. O minimalismo favorece a saúde cutânea, desde que a individualidade da pele seja respeitada e modismos perigosos sejam evitados.
O veredito sobre o skincare caseiro
Em um cenário de excesso de informações e tutoriais virais, o skincare caseiro deve ser tratado com responsabilidade. A busca por soluções naturais é legítima e pode ser vantajosa, porém requer orientação, prudência e conhecimento.
“Antes de aplicar qualquer produto na pele, mesmo os naturais, é fundamental compreender os riscos”, conclui Lidia Machado. Em outras palavras: quando o tema é cuidados com a pele, informação de qualidade e, sempre que possível, acompanhamento profissional são as melhores medidas.








